Benfica-FC Porto: onze para onze e talvez o resultado fosse outro
Expulsão de Fábio Cardoso, jogador do FC Porto, no Clássico com o Benfica (IMAGO)
Foto: IMAGO

O MISTER DE A BOLA Benfica-FC Porto: onze para onze e talvez o resultado fosse outro

NACIONAL01.10.202300:06

Treinador Tiago Fernandes analisa Benfica-FC Porto e a forma como a expulsão de Fábio Cardoso condicionou todo o jogo...

O Benfica venceu o FC Porto, 1-0, num jogo com três andamentos, como se explica a seguir.

O papel de Romário Baró

FC Porto entrou muito forte na Luz, a querer ter bola e a procurar dominar o jogo sem se deixar condicionar pelo ambiente do estádio. A inclusão de Romário Baró era mesmo para os dragões terem superioridade numérica no setor intermédio, pois Sérgio Conceição percebeu que o Benfica, ao apostar em João Neves e Kokçu no meio-campo, dois jogadores com qualidades ofensivas mas que se expõem um pouco defensivamente, poderia ficar algo desequilibrado — tanto mais que o terceiro médio, Rafa, é um jogador de acelerações. Ora, quando o Benfica perdia a bola o FC Porto tinha o meio-campo muito bem povoado e equilibrado, a tal estratégia de garantir um homem extra naqueles terrenos com a inclusão de Romário Baró. Esta estratégia permitia a João Mário projetar-se no flanco direito com Romário Baró preparado para equilibrar.

O peso do vermelho

Quando se pensava que o FC Porto iria estar desequilibrado no corredor central, fruto das ausências de Pepe e Marcano, jogadores importantes em matéria de liderança e construção a partir de zonas mais recuadas, aquilo que se viu foi os azuis e brancos confortáveis no jogo, sobretudo antes da expulsão de Fábio Cardoso. O FC Porto jogava com muita velocidade, muita dinâmica, a garra habitual, além de beneficiar da moralização pelos resultados que alcançara na Luz em épocas anteriores, nomeadamente na transata quando reacendeu a luta pelo título. Com o cartão vermelho exibido a Fábio Cardoso, a equipa sofreu forte machadada, apesar de Sérgio Conceição ter conseguido equilibrar a equipa, em especial no momento defensivo. Quase que podemos dizer que não se sentia a falta desse jogador a menos, porque a linha de quatro estava bem montada e organizada, assim como a linha de médios, capaz de baixar rapidamente para junto da linha mais recuada. Era a forma de ajustar e garantir superioridade numérica junto de João Neves e Kokçu. 

Segunda parte dos encarnados

Na segunda parte, o Benfica, com o apoio do público, pressionou, começou a circular a bola com mais velocidade e dinâmica, a jogar mais próximo da grande área do FC Porto. Depois, com o passar do tempo, começou a notar-se a desvantagem numérica dos portistas, então com mais dificuldades em ajustar alguns espaços, dado que tinham de correr um pouco mais, e esses ajustamentos acabam por pesar ao longo da partida. Com várias aproximações à área, adivinhava-se o golo do Benfica, após três ou quatro situações de perigo criadas. Di María lá marcou, num remate com alguma dose de felicidade. O Benfica, por aquilo que fez na segunda parte, é um justo vencedor. Mas se o FC Porto tivesse atuado sempre com onze jogadores, julgo que conseguiria trazer da Luz um bom resultado — não seria fácil ao Benfica vencer um adversário que costuma jogar tão bem em casa dos encarnados.