Benfica: como gosta de jogar Bruno Lage

NACIONAL04.09.202416:54

Campeão pelas águias vai substituir Schmidt e A BOLA recorda o percurso do treinador

Bruno Lage, atualmente com 48 anos, chegou ao Benfica Campus em 2004 para orientar algumas das equipas de formação das águias, chegando a coincidir com nomes como João Cancelo e Bernardo Silva, atualmente craques da Seleção Nacional. Foram oito anos na formação do Benfica e, depois, mais dois na formação do Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, onde trabalhou com Carlos Carvalhal. Ao lado deste último, rumou a Inglaterra para representar o Sheffield Wednesday, na 2.ª divisão, e o Swansea, com o qual desceu de divisão na exigente Premier League.

Em 2018, regressou a Portugal e à casa de partida: o Benfica. Assumiu a equipa B até janeiro de 2019, altura em que substituiu Rui Vitória, que caiu face aos maus resultados, que colocavam os encarnados a sete pontos da liderança do FC Porto.

No dia 6 desse mês, Bruno Lage, entendido até então como solução provisória pelo presidente Luís Filipe Vieira, fez a estreia como treinador da equipa principal. A vitória (4-2) sobre o Rio Ave, relativa à 16.ª jornada da Liga, foi a primeira de 25 em 27 jogos das águias na Liga, fazendo de Bruno Lage o treinador na história do Benfica que mais depressa atingiu tantos triunfos na Liga.

Nesses 27 jogos, o Benfica apontou 89 golos e sofreu apenas 19. Analisando as 25 vitórias, as águias apontaram, em média, 3,5 golos por jogo.

Num sistema baseado no 4x4x2, Grimaldo destacou-se como o jogador mais utilizado, com 2340 minutos. Para além do antigo lateral-esquerdo das águias, nota para a presença de vários jogadores oriundos do Benfica Campus, casos dos defesas-centrais Ferro e Rubén Dias e do avançado João Félix no top-10 de utilização, composto ainda por Odysseas, Pizzi, André Almeida, Samaris, Rafa e Seferovic. Este último afirmou-se como um goleador inesperado na ausência de Jonas, terminando mesmo como melhor marcador da Liga, com 23 golos.

Recorde aqui o onze mais utilizado por Bruno Lage: Odysseas; André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo; Pizzi, Gabriel, Samaris, Rafa; João Félix e Seferovic. Florentino Luís estava nesse plantel, sendo também um dos 'meninos' da formação lançado pelo técnico.

No final da temporada 2018/2019, o Benfica celebrou o 37.º titulo nacional e Bruno Lage foi premiado com a renovação de contrato.

Bruno Lage festejando o campeonato de 2018/19 no Maquês de Pombal (ASF)

A queda de Bruno Lage no Benfica

Os encarnados arrancaram a época seguinte com a conquista da Supertaça, após goleada (5-0) ao rival Sporting. No campeonato, o ‘furacão Lage’ continuava a bater recordes. Após a derrota (0-2) com o FC Porto, no Estádio da Luz, as águias somaram 16 vitórias seguidas e terminaram a primeira volta com sete pontos de vantagem sobre os dragões, os mais diretos perseguidores. Era a melhor primeira volta de sempre num campeonato a 18 equipas.

O começo de 2020 foi trágico. O Benfica perdeu no Dragão (2-3) e a vantagem pontual começou a desaparecer. A pandemia afetou a equipa, que regressou bastantes furos abaixo do que era pretendido. Os encarnados somaram cinco jogos sem vencer na Luz, algo que nunca tinha acontecido em 117 anos. Em junho, a derrota (0-2) no Estádio dos Barreiros, frente ao Marítimo, precipitou a saída de Bruno Lage, que colocou o lugar à disposição.

Aventura na Premier League

Depois de um ano sabático, Bruno Lage voltou ao ativo na época 2021/22, pela porta do Wolverhampton, a equipa mais portuguesa de Inglaterra. Na primeira época, optou por uma mudança tática em relação ao modelo utilizado na Luz. O 3x4x3 ou o 3x5x2 levaram os wolves a terminar na 10.ª posição, com 51 pontos, a cinco das competições europeias. Na temporada seguinte, o técnico resistiu até outubro, altura em que foi despedido face aos maus resultados, com a equipa a ocupar os lugares de despromoção. Durou cerca de 16 meses a passagem pela Premier League enquanto treinador principal.

Apenas 16 jogos no Botafogo

Em julho do ano passado, Bruno Lage foi contratado pelo Botafogo para substituir Luís Castro, que rumou aos sauditas do Al-Nassr. Quando este assumiu as rédeas da equipa, o emblema carioca liderava o Brasileirão, com 13 pontos de vantagem sobre o segundo classificado. O técnico teve dificuldades para implementar as suas ideias de jogo e o fogão foi perdendo parte da vantagem. Em 16 jogos à frente do Botafogo, Bruno Lage conseguiu cinco vitórias, sete empates e quatro derrotas. Mais tarde, John Textor, dono do Botafogo, admitiu que se precipitou ao demitir o técnico. «Cometi um erro ao não lutar mais pela permanência de Bruno Lage», confessou o empresário norte-americano, citado pelo jornal brasileiro 'O Globo'.

Bruno Lage perdeu parte da vantagem do Botafogo no Brasileirão