FC Porto-Arouca, 4-0 Assim se percebe como é perigoso brincar com dragões (crónica)
Segunda parte arrasadora do FC Porto garante vitória gorda este domingo, em jogo da 7.ª jornada da Liga
O FC Porto lançou-se neste jogo com o Arouca determinado a fazer diferente do que fez na Noruega frente ao Bodo Glimt (2-3), para a Liga Europa, e Vítor Bruno devolveu Galeno e Pepê ao onze na procura de maior vertigem e critério ofensivo. E foi dessa forma, com o primeiro a dar profundidade pela esquerda e o segundo a procurar, pela direita, zonas mais interiores, que os dragões se instalaram no meio-campo do adversário, com Vasco Sousa à frente de Varela e Nico na tentativa de maior pressão alta.
O Arouca, com um bloco médio/baixo e a insistir numa saída de bola muito curta, de pé para pé e desde o seu guarda-redes, ia dando a sensação de risco... mas foi apenas sensação. Os arouquenses montaram uma ideia tática e estratégica que amarrou durante muito tempo o FC Porto. Com processos simples, foram chamando os azuis e brancos, com passes frontais para David Simão ou Fukui, que depois colocavam a bola nos laterais para a procura da profundidade ou da velocidade de Syla.
O primeiro sinal de perigo foi mesmo do Arouca e só não resultou em golo porque, aos 20', o remate de Yalçin bateu num defesa e saiu ao lado da baliza. O Arouca fazia quase tudo bem e com isso ia tirando descernimento ao FC Porto e ganhando a maioria das segundas bolas.
O jogo estava dividido e só começou a cair mais para o FC Porto quando Yalçin foi expulso, aos 43', num lance em que viu o segundo cartão amarelo. O Arouca foi obrigado a recuar linhas e a equipa de Vítor Bruno cresceu e criou duas boas oportunidades: uma num desvio que Nico Mantl resolveu com qualidade, e outra num remate de Pepê que esbarrou em Popovic, central no qual, aliás, morreram quase todas as boas inciativas do FC Porto.
Após o intervalo, Vítor Bruno não perdeu tempo, tirou Vasco Sousa e lançou em campo o jovem (20 aos) ponta de lança sueco Deniz Gul, para ter mais presença na área. E resultou. Três minutos depois do reatamento, aos 47', João Mário cruzou e Samu, a dois tempos, marca golo para o FC Porto — o quinto dele em cinco jogos pelos dragões.
O FC Porto voltou do balneário muito mais personalizado, explorando mais a largura e a saber tirar partido da inferioridade numérica do adversário. Não surpreendeu, portanto, que tenham bastado apenas mais quatro minutos para que o FC Porto, aos 51', voltasse a festejar, desta vez com uma oferta do guarda-redes do Arouca, que, de tanto querer respeitar a ideia de sair curto, tentou fazer um passe para David Simão e praticamente oferecer a Nico González a chance de marcar.
Do flanco de Galeno, o perigo causado pelos homens de Vítor Bruno passou sobretudo para o direito, com Pepê a arrastar adversários pelo centro e deixando corredor a João Mário para carregar talento e somar cruzamentos. Foi, logo a seguir, aos 57', precisamente de um canto da direita que Galeno subiu e marcou de cabeça o terceiro da noite. O FC Porto materializara o arranque infernal da segunda parte com três golos marcados em pouco mais de 10 minutos.
O Arouca, que terminara a primeira parte atordoado depois da expulsão do seu ponta de lança, ficou quase em KO depois dos três golos portistas. Gonzalo García procurou proteger a equipa e mexeu para jogar com três centrais, na verdade com cinco defesas.
Vítor Bruno tinha oportunidade para gestão diferente e proporcionou a entrada de Fábio Vieira, reforço deste verão, formado no clube e agora de regresso por empréstimo do Arsenal, que finalmente voltou a jogar pelo FC Porto depois de quase um mês a recuperar de lesão. Também saiu Pepê e entrou o menino Rodrigo Mora, avançado de 17 anos. E foi precisamente o mais novo do plantel do Dragão a desloquear a jogada para Deniz Gul marcar o quarto golo.
Mais um punhado de boas oportunidades para o FC Porto aumentar a vantagem, o Arouca sem capacidade para fazer diferente, apesar da entrada do irreverente Jason, e tudo azul para a equipa de Vítor Bruno, que soube contornar as dificuldades sentidas e mostrar poder de fogo para vencer com justiça inquestionável.