CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO As novas regras do golfe em tempo de Covid-19 (artigo de José Manuel Delgado)
O Governador do Arizona, Doug Dacy, emitiu, no passado dia 7 de abril, uma nota executiva em que considerava os campos de golfe essenciais e determinava que podiam continuar abertos, desde que fossem observadas práticas de distanciamento social. Outros Estados, de costa a costa, adotaram um posicionamento semelhante e hoje, apesar das restrições, milhares de golfistas continuam a fazer as suas voltas.
Porém, foram estabelecidos procedimentos que se enquadram no conceito de ‘distanciamento social. Assim, as marcações são feitas on line (e com vários dias de antecedência, porque a procura é muita), o mesmo acontecendo com o pagamento, que varia de campo para campo, mas tem um preço médio, para 18 buracos, de 65 dólares.
Ao chegarem ao campo, os jogadores deixam de passar pela secretaria para as formalidades habituais, e vão diretamente para o tee do buraco um, onde devem manter-se sempre a pelo menos dois metros de distância dos parceiros.
Está proibido o aluguer de material, seja saco de golfe, bolas ou ‘trolley’ e os ‘buggies’, para os resistentemente preguiçosos, passam a ser de utilização individual.
Durante o jogo, também há alterações. Por exemplo, desapareceram as bandeiras nos buracos, para não haver hipótese de contágio através do contacto; passou a ser proibido alisar a areia dos ‘bunkers’, para ninguém ter de manusear os ancinhos. E nos buracos são colocadas esponjas, até uma altura que permita retirar a bola sem tocar nos rebordos.
Desta forma e com estes cuidados, a atividade de ar livre acaba por ser um escape perfeito para estes dias de tensão, e há golfistas que consideram mais seguro «fazer os 18 buracos do que ir ao supermercado ou à farmácia.»
O único senão detetado em vários campos, tem a ver com a indisciplina dos jogadores que por vezes se esquecem de manter os dois metros de distância requeridos…
Compatibilizar a atividade física e a sanidade mental com o confinamento obrigatório, carece de uma grande capacidade de adaptação, mas não deixa de ser importante para o equilíbrio individual. Em Paris, por exemplo, está proibido o ‘jogging’ entre as 10 da manhã e as sete da tarde e Mourinho ouviu das boas em Londres por ter dado treino a três jogadores num parque público. Mas o Bayern de Munique já está a treinar, em pequenos grupos e Ronaldo, porque é Ronaldo, teve o estádio do Nacional para se exercitar, na companhia do Junior, sem riscos para ninguém.
Como as janelas das traseiras da minha casa dão para um jardim muito utilizado para exercício físico, inclusivamente por atletas de alta competição, tenho sido testemunha da intervenção das forças policiais, que rondam amiúde o espaço, sempre que se deparam com pessoas a exercitarem-se sem observarem a distância prudente.
Mas a verdade é que, do golfe ao resto, estamos cada vez mais a habituar-nos à ideia de que temos de aprender a conviver (e a viver) com o novo normal que se aproxima, especialmente no estranho período que vai mediar entre a autorização para se regressar, com limitações, ao ativo, e a descoberta de um medicamento e de uma vacina que nos permitam deixar de ser reféns da Covid-19.
Só então seremos plenamente livres…