As loucas 48 horas que levaram à renúncia de Mário Costa

Liga As loucas 48 horas que levaram à renúncia de Mário Costa

NACIONAL15.06.202321:09

Foi na segunda-feira que surgiram as primeiras notícias a dar conta da realização de buscas por parte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) na casa do então presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) da Liga, Mário Costa, e também na academia que gere, a BSports, com o dirigente a ser entretanto constituído arguido por suspeitas de tráfico humano. O presidente da Liga, Pedro Proença, estava na reunião de Direção Executiva, que se realiza todas as segundas-feiras, que prontamente interrompeu para tentar perceber do que se tratava e do alcance da situação. Seguiram-se 48 horas loucas e à medida que mais detalhes eram conhecidos cedo se entendeu que não havia condições para Mário Costa se manter como presidente da MAG.


Pedro Proença logo promoveu reuniões e contactos com todos os órgãos sociais da Liga e com todas as sociedades desportivas, que se mostraram solidários com a instituição, concordando que não havia condições para a continuidade de Mário Costa no cargo.


Esperava-se que o então líder da MAG tivesse apresentado a renúncia logo na segunda-feira, aquando do primeiro comunicado que fez, mas apenas disse aguardar «serenamente o desenrolar das investigações, certo e confiante de que se apurará a verdade dos factos que revelará que nenhum ilícito criminal foi praticado».


Na quarta-feira, Pedro Proença promoveu reunião com o Presidente do Conselho Jurisdicional da Liga, Américo Esteves, com o líder do Conselho Fiscal, Carlos Branco, e naturalmente também com Mário Costa. Nesse encontro, tendo sempre em conta o princípio da presunção de inocência, foi comunicado ao presidente da MAG que tanto Proença como os restantes órgãos sociais da Liga renunciariam aos cargos para que foram eleitos se Costa não se demitisse. Considerava Proença que tendo em conta os danos reputacionais que a Liga estava a sofrer não havia condições para este continuar líder da MAG. Estes desenvolvimentos foram comunicados a todos os órgãos da Liga bem como a todas as sociedades desportivas, que se manifestaram unanimemente de acordo com a intenção.


Perante esta pressão, Mário Costa decidiu renunciar na quarta-feira, decisão que anunciou num comunicado emitido pelo seu advogado, no qual justificou que a demissão tem como objetivo «resguardar a Liga Portugal e os clubes de qualquer eventual prejuízo de imagem». «Quando tudo estiver esclarecido e o processo for arquivado, o Dr. Mário Costa voltará a colaborar com a Liga com o mesmo entusiasmo de sempre», lia-se na missiva.


Recorde-se que no decorrer desta operação, o SEF resgatou 114 jovens da BSports, academia de futebol sediada em Riba d’Ave, tendo sinalizado 47 vítimas de tráfico de pessoas, das quais 36 menores e nove jovens adultos.