Ambição e personalidade derrotadas pela maturidade: crónica do Nápoles-SC Braga
Nápoles sempre com as operações controladas; Arsenalistas não perderam por terem tido azar, mas nunca tiveram a sorte do jogo...
A missão reservada ao SC Braga na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, se não era impossível, andava lá perto. É verdade que os campeões de Itália tinham vencido na Pedreira com muita fortuna à mistura, e também corresponde à verdade que a equipa napolitana não tem tido, na presente temporada, exibições e resultados positivos no Estádio Diego Armando Maradona. Mas ganhar em Nápoles por dois golos, para uma equipa com escassa rodagem na Champions, era mais utopia do que realidade, como os 90 minutos de jogo vieram a confirmar.
Apesar dos minhotos terem entrado atrevidos, com um 4x3x3 que lhes permitia ter bola no meio-campo adversário, revelando uma desinibição assinalável em ambiente hostil, o autogolo de Serdar, logo aos nove minutos, foi um soco no estômago particularmente doloroso, que teve o condão de italianizar ainda mais a equipa de Walter Mazzarri, um treinador italiano vero, daqueles que todos os dias toma banho no caldeirão do pragmatismo. Mazzarri decidiu, especialmente a partir desse momento, não correr riscos, de olhos apenas postos na qualificação para a fase a eliminar da Liga milionária. A equipa napolitana, que iniciou as operações com um 4x3x3 semelhante ao dos minhotos, passou largos períodos da partida em 4x5x1, com Politano e Kvaratskhelia a acompanhar as subidas de Víctor Gómez e Borja. Estava o SC_Braga sem espaços, e com Ricardo Horta demasiado descaído sobre a direita, onde perdia a efetividade goleadora que possui, quando o capitão minhoto, aos 25 minutos, arrancou uma bomba a que Meret correspondeu com enorme defesa. Foi um momento relevante, porque logo a seguir, aquilo que podia ter sido o 1-1 transformou-se no 2-0, graças a um golo da estrela Osimhen, que concluiu, de forma atabalhoada mas eficaz, um cruzamento de Juan Jesus. A sorte do jogo estava traçada mas Artur Jorge não baixou os braços...
O risco de dar espaço
Na segunda parte, os minhotos trocaram Pizzi por Abel Ruiz e passaram a jogar num 4x4x2 que muitas vezes era um 4x2x4. Ficou bem ao treinador bracarense esta revolta contra o rumo dos acontecimentos, mas os resultados práticos não foram famosos: Zalazar e Moutinho, a quem foi entregue o meio-campo, não chegavam para as encomendas e o Nápoles, comandado por Lobotka, passou a ter espaço para pensar o jogo e criou oportunidades que só não levaram o marcador para números mais gordos porque Matheus fez três defesas de se lhe tirar o chapéu, em situações em que o golo parecia certo, de Politano, Anguissa e Kvaratskhelia. Mas, mesmo a ganhar por 2-0 e a controlar as operações, Mazzarri lançou Elmas e Cajuste, para dar ainda mais solidez ao miolo da sua equipa, e a seguir passou a gerir os esforços, tirando Osimhen e Lobotka.
Ricardo Horta ao poste
Artur Jorge também se apercebeu de que precisava dar mais intensidade e rigor ao meio-campo, e lançou Al Musrati, mas perante um Nápoles que se mostrava satisfeito com o resultado, o melhor que conseguiu chegou novamente através do suspeito do costume, Ricardo Horta, que rematou ao poste aos 79 minutos. A seguir ainda foram a jogo André Horta e Joe Mendes e mais tarde Rony Lopes, tentando assédio final que desse, pelo menos, para marcar em Nápoles, e Rony Lopes esteve perto disso, à beira do fim.
Mas a verdade é que a missão que era quase impossível passou a sê-lo a partir do autogolo de Serdar.