Aloísio: «Jogar fora do Camp Nou é uma vantagem»
Antigo central de FC Porto e Barcelona antecipa o duelo da Liga dos Campeões
Aloísio faz parte do lote de jogadores que vestiram a camisola do Barcelona antes de ingressarem no FC Porto. Esteve duas épocas ao serviço do clube catalão e depois o defesa-central voou para a Invicta, em 1990, para representar os azuis e brancos. O brasileiro, que faz parte do onze ideal dos dragões, vestiu a camisola azul e branca durante 11 épocas, tendo terminado a carreira no FC Porto.
Detentor de sete Ligas, cinco Taças de Portugal e sete Supertaças Cândido de Oliveira, Aloísio integra ainda o melhor onze de sempre do FC Porto, patente no museu do clube. É, portanto, uma voz habilitada para falar das semelhanças e diferenças entre os dois emblemas.
«Na época de 70 e 80 o Barcelona já era considerado um dos melhores clubes do mundo, com dimensão europeia e mundial. A sua grandeza era também muito por culpa do investimento que fazia no plantel. Mas a forma como os seus adeptos vivem o futebol, com enorme espetáculo e euforia, é em tudo semelhante aos do FC Porto. Entretanto, o FC Porto emergiu no futebol europeu, fruto da sua primeira conquista europeia em 1987, com a Taça dos Campeões Europeus. E hoje é muito respeitado mundialmente, faz parte da elite do futebol europeu, marca sempre presença na Champions e isso é sempre digno de realce. São duas equipas que representam duas regiões com culturas muito idênticas, nesse aspeto não podia haver uma maior aproximação», diz Aloísio.
O ex-central assistiu pela televisão ao jogo do Dragão entre os dois clubes e destaca que o FC Porto não teve a sorte do seu lado e que, por isso, tentará inverter a situação no jogo da Catalunha. «Para o FC Porto é sempre complicado historicamente defrontar o Barcelona, mas a equipa jogou bem no Estádio do Dragão, teve muita posse de bola, paciência e a diferença esteve apenas num pormenor que custou o resultado. O FC Porto portou-se bem taticamente, com enorme entrega e fez um grande jogo, mas no final a balança pendeu para o Barcelona», analisou, perspetivando um duelo interessante para a partida em Espanha.
«O facto de o jogo não ser no Camp Nou será uma vantagem para o FC Porto, pois o Estádio Olímpico é de menor capacidade e a pressão, seguramente, não será tão intensa. Se a equipa do FC Porto tiver uma postura inteligente, com a competitividade que o Sérgio Conceição emprega, seguramente pode conseguir um belo resultado e passar para a frente do grupo. Gostava que passassem ambas à fase seguinte, mas o FC Porto em primeiro lugar», desejou.
Legado de Pinto da Costa e o inteligente Villas-Boas
Prevê-se uma luta intensa entre Pinto da Costa e André Villas-Boas nas eleições agendadas para abril, no FC Porto. Ainda que nenhum deles tenha assumido oficialmente uma candidatura, a corrida está mais do que lançada. À distância, Aloísio refere que pela primeira vez o histórico presidente terá um adversário à altura. Lembra, contudo, a obra feita por Pinto da Costa ao longo de mais de quatro décadas. «Fui lendo o que tem dito o André Villas-Boas, sempre forte e polémico, mas o presidente tem um legado gigantesco. Tem de haver sempre respeito por isso. A forma como sempre geriu o clube, conseguindo enormes resultados. Mas tem pela frente um concorrente novo, jovem, ex-treinador e inteligente. Vamos ver como as pessoas vão reagindo nesse sentido. É um concorrente forte e que pode fazer balançar a atual estrutura do FC Porto», salientou.
Pepe é caso raro
Aloísio jogou até aos 38 anos e realça a qualidade que Pepe, seu compatriota, evidencia ainda aos 40 anos. «É daqueles jogadores raros no futebol, um pouco na história como o Paolo Maldini e também o Zé Roberto. São raros os casos assim, mas depende sempre do aspeto físico de cada um. É um resistente. O perfil dele é assim, tem essas caraterísticas peculiares e está de parabéns ao conseguir jogar e dar uma excelente resposta dentro de campo. Rende sempre o máximo», elogiou Aloísio.