Melhor até agora: Salah ou Gyokeres?
Para mim, o egípcio é o melhor do Mundo do primeiro terço de 2024/2025. Isto, claro, se o Viktor não entrar pela redação de A BOLA a protestar comigo. Se o fizer, mudo de opinião, claro...
Rezam os relatos biblícos que Sansão possuía força descomunal e que esta lhe permitia despedaçar animais e desfazer exércitos. Porém, acrescentam os relatos, Sansão era vulnerável num ponto: o cabelo. Se este lhe fosse cortado, as suas forças tornar-se-iam idênticas às de uma formiga perante um elefante. E assim foi. Quando lhe cortaram o longuíssimo cabelo, Sansão virou formiga. Tal como Aquiles, o herói grego. Reza outra lenda que quem mergulhasse no rio Styx se tornaria invencível. A mãe de Aquiles pegou-lhe pelo calcanhar e mergulhou-o no Styx. Aquiles tornou-se invencível com um ponto vulnerável: o nosso conhecido calcanhar de Aquiles. Um dia, um inimigo lançou-lhe uma flecha envenenada que o atingiu, precisamente, no calcanhar. E Aquiles morreu.
Os 761 carateres anteriores foram escritos a pensar em Mohamed Salah Hamed Mahrous Ghaly, aka Salah no futebol. O homem sempre jogou muito, mas mesmo muito, fosse no Basileia, Chelsea, Fiorentina, Roma, Liverpool ou até (acredito) no Al Mokawloon, onde iniciou a carreira. O apogeu foi, acreditávamos quase todos, no Liverpool entre 2017 e 2024. Aliás, múltiplos apogeus, se assim podemos escrever. Sempre com aquela cabeleira desgrenhada, que foi, anos a fio, a sua imagem de marca.
Porém, no início de 2024/2025, o egípcio rapou o cabelo e aquilo que se pensava ter sido o apogeu passou a ser apenas uma montanha de segunda categoria. Não virou formiga, como Sansão, antes aumentou a influência no jogo do Liverpool, líder isoladíssimo da Premier League. Já terminara seis das suas sete épocas nos reds acima de 10 golos e 10 assistências. Agora, ainda no início de novembro, chegou, de novo, ao duplo 10. Mas, tal como Aquiles e o seu calcanhar, Salah tem um ponto vulnerável: não consegue convencer quem vota na eleição para melhor do Mundo.
Não apareceu nos 30 primeiros de 2024, ficou em 11.º em 2023 e só em 2022 e 2016 ascendeu ao último lugar do top-5. E no The Best da FIFA teve dois terceiros lugares (2018 e 2021). OK, entre 2008 e 2021, houve Messi e Ronaldo. E vice-versa. E, peo meio, ainda Xavi, Iniesta, Neymar, Lewandowski, Haaland e até Rodri. O azar de Salah parece ser um clube que ganha pouco e uma Seleção que nunca ganha. Não sei se alguma vez Salah será (conjunção um pouco cacofónica, sim) eleito melhor do Mundo. Para mim, é melhor do Mundo do primeiro terço de 2024/2025. Isto, claro, se o Viktor não entrar pela redação de A BOLA a protestar comigo. Se o fizer, mudo de opinião, claro...