Abel Ferreira não pensa no regresso a Portugal
Treinador do Palmeiras garante que o regresso ao futebol nacional não está nos planos, e destaca as dificuldades associadas a treinar em Portugal, sobretudo para a família
À chegada ao aeroporto do Porto, Abel Ferreira foi questionado acerca de um eventual regresso a Portugal. O técnico do Palmeiras garante que só pensa em «estar com a família» e sublinha que «ser treinador em Portugal, sendo português, não é fácil».
Gostaria de voltar ao futebol português em breve? «Não, o que eu quero mesmo é estar com a minha família. Isso é que eu quero. Ser treinador em Portugal, sendo português, não é fácil. Não para mim, mas para a minha família, porque infelizmente vivemos num mundo muito mediático e as pessoas não conseguem separar o treinador da pessoa, ou o dirigente da pessoa. Isso é o que mais me assusta, hoje em dia, no futebol. Às vezes tenho conversas no Brasil com algumas pessoas, e se elas conseguirem entender que uma coisa é o Abel treinador, e uma coisa é o Abel pessoa. Filho, pai, marido. Há uma tendência muito grande, hoje em dia, de se mostrar tudo. Por exemplo, fiz uma observação em relação ao nosso 'gramado', e recebi uma mensagem de alguém responsável por isso. Eu respondi 'Estás a falar com o Abel treinador ou com o Abel pessoa? O Abel treinador, sim. É exigente, quer as coisas boas, perfeitas. Com o Abel pessoa podes contar comigo para o que tu quiseres. Agora, quando as pessoas misturam as duas é perigoso, e é isso que eu não quero.»
«As expectativas são tão grandes, tão grandes, que hoje o treinador, o jogador ou o dirigente tem de tirar um curso especializado para saber lidar convosco (comunicação social). Não estou a fizer que vocês são maus, mas é preciso um curso para saber lidar com a imprensa, com os meios de comunicação social, para se saber lidar com os elogios e com as críticas. Felizmente, as coisas comigo têm corrido muito bem, mas é bom que as pessoas percebam que na minha curta carreira de 10 anos enquanto treinador, tive seis de futebol profissional e andei quatro a semear, sem colher nada. A única coisa que eu digo, a qualquer treinador do mundo, é que acredite e que faça o melhor que sabe e pode. Que se esforce e chegue a casa de consciência tranquila, que é aquilo que eu procuro fazer. Para mim, o sucesso não são os títulos, é poder chegar a casa, deitar-me, e saber que na minha consciência eu dei o melhor que pude com os recursos que tenho. Isso para mim é sucesso», frisou.