A pressa é inimiga da perfeição? No Dragão, dizem que não! (crónica)
A festa começou cedo no Dragão. Segue-se o duelo com o Sporting, dia 31 (Foto Manuel Fernando Araújo/Lusa)

FC PORTO-RIO AVE, 2-0 A pressa é inimiga da perfeição? No Dragão, dizem que não! (crónica)

NACIONAL24.08.202420:38

Aos 18 segundos, já o FC Porto vencia com obra de arte de Galeno e ajuda preciosa de Ivan Jaime. A insaciável vontade de ganhar desta equipa de Vítor Bruno deixa água na boca para o clássico de dia 31 com o Sporting

Se estão entre os que acreditam que a pressa é inimiga da perfeição, peço-vos apenas alguns segundos da vossa atenção para vos demonstrar que nem sempre os famosos provérbios populares correspondem a verdades absolutas. Mais especificamente, o que vos peço é 18 segundos do vosso tempo, o mesmo período curtíssimo de tempo de que o FC Porto necessitou para trazer ao mundo uma obra de arte... (lá está!) perfeita e que ditou o mais rápido golo da história do estádio do Dragão! O Rio Ave nem tocou na bola. Dezoito segundos suficientes para sete passes, sendo o último deles um cruzamento perfeito de Ivan Jaime na direita a assistir, ao segundo poste, o remate acrobático de Galeno, à meia volta e todo no ar, sem oposição. Soberbo!

O Dragão, que momentos antes já entrara em ebulição por conta da presença nas bancadas dos dois mais recentes reforços para o ataque, o espanhol Samu Omorodion e o sueco Deniz Gul, explodia agora numa imensa celebração perante a insaciável, voraz e supersónica vontade demonstrada por esta sua nova equipa, comandada por Vítor Bruno e que voltava a ter a dupla de suspeitos do costume (Ivan Jaime e Galeno) a mostrar que são também novos os ares que se respiram na arena da Invicta.

O que se seguiu àquele 18.º segundo foi a demonstração de que o FC Porto não iria dormir sobre a glória daquele instante mágico. E que o facto de o conjunto a quem já se apontava a alcunha de patinho feio da luta pelo título é afinal um belo cisne em crescimento, que surpreende a cada ronda que passa, que demonstra que pode estar na luta ombro a ombro com a máquina de golos de Alvalade e que, nem de propósito, segue... invicto para o duelo da 4.ª jornada, precisamente com o Sporting já no sábado.

FC Porto vence o Rio Ave por 2-0. Foto: Grafislab

E segue invicto (3 jogos na Liga, 3 vitórias, 7 golos marcados e zero sofridos, já depois da conquista da Supertaça, com vitória por 4-3 no primeiro round do confronto com o leão) porque, além de ter ressuscitado com enorme sucesso elementos riscados por Sérgio Conceição, este FC Porto apresenta já um ritmo competitivo invejável, altos níveis de intensidade e características que o distinguem dos restantes quer a atacar, quer a defender.

A competência do duplo pivot de meio-campo, formado por Alan Varela e um surpreendente Vasco Sousa, mais um jovem da casa a dar cartas aos 21 anos, permite que, muitas vezes, sejam cinco, até seis, as unidades em zona de ataque, prontas a criar perigo, incluindo os laterais Galeno (novamente adaptado) e Martim que se juntam, aqui e ali, a Nico, Pepê, Ivan Jaime e Namaso.

Não admira, por isso, que aos tais 18 segundos se tenham seguido 45 minutos de intensa pressão portista, com o Rio Ave a mostrar-se incapaz de travar a gigante onda azul e branca que empurrava, empurrava e empurrava cada vez mais os vilacondenses para trás, desesperados por um pouco de oxigénio, por um pedaço de madeira que fosse que os mantivesse à tona.

Teve um nome esse pedaço de madeira: Jhonatan, o guarda-redes do Rio Ave, o único que se salvou do naufrágio (que se acentuou com a expulsão de Patrick William antes do intervalo) e que, com isso, impediu o FC Porto de transformar o seu impressionante ascendente numa goleada mais expressiva, travando de forma espetacular as tentivas de Namaso (7' e 69'), Ivan Jaime (11' e 24'), Martim Fernandes (15'), Pepê (34' e 58'), Wendell (71') e Galeno (84'). Uff!

Só não travou, aos 30', o belíssimo disparo de Nico González para o 2-0, de novo com assistência de Ivan Jaime, após fantástica corrida, campo fora, de Galeno. A arte novamente em exposição...

Segue-se a visita ao leão, no último dia de agosto. Em boa hora, diga-se, impressionante que é a dinâmica atual das duas equipas. Venha de lá, então, esse duelo!