A crónica do Casa Pia-Benfica: «Foi preciso ir buscar adrenalina ao banco»
Arhtur Cabral e António Silva, ponta de lança e central do Benfica, no jogo com o Casa Pia (EPA/Carlos Barroso)

A crónica do Casa Pia-Benfica: «Foi preciso ir buscar adrenalina ao banco»

NACIONAL17.03.202421:35

Entradas de Neres e Arthur Cabral foram decisivas para desatar jogo amarrado; Casa Pia compacto complicou Benfica com poucas ideias neste duelo da 26.ª jornada da Liga

Roger Schmidt é tantas vezes criticado porque mexe mal ou mexe tarde na equipa durante os jogos que neste, frente ao Casa Pia, é importante começar por reconhecer que foram as alterações feitas pelo treinador alemão que melhoraram muito a equipa e lhe permitiram ganhar de forma sofrida mas justa.

Depois de uma primeira parte em que ficou a sensação de um Casa Pia um pouco mais confiante na sua ideia de jogo do que o Benfica na dele, Schmidt tirou Marcos Leonardo (com pouca presença e capacidade para fazer a diferença no ataque) e Florentino, recuou João Mário para o lado de João Neves no meio-campo (ganhando com essa mudança mais critério e ideias no passe) e lançou David Neres e Arthur Cabral na frente.

Por um lado, e notou-se isso no espaço de poucos minutos, sem as recuperações de bola de Florentino o jogo partiu mais e o Casa Pia, embora apenas durante algum tempo, teve chegada mais frequente à área de Trubin, mas por outro os encarnados ganharam presença no ataque com Arthur Cabral e com as ideias de Neres a equipa teve finalmente largura, desistindo do erro de afunilar o seu jogo pelo centro, em tabelas curtas, previsíveis e que os defesas do Casa Pia, montados em linhas juntas e compactas, anularam sempre com facilidade.

O Benfica, durante a primeira parte, como tantas vezes nesta temporada, pareceu sempre excessivamente dependente de um coelho que Rafa ou Di María conseguissem tirar das cartolas, mas os dois iam dando sinais de falta de inspiração e sem coelhos este Benfica tem sentido dificuldades para ganhar os seus jogos.

Os primeiros 45 minutos foram fechados com um golo anulado a João Neves por fora de jogo no lance e um remate perigoso de Marcos Leonardo, mas os comandados de Gonçalo Santos com mais qualidade na definição dos seus ataques também poderiam ter marcado — Larrazabal atirou ao lado com a baliza centrada e sem adversários à frente e Felippe disparou por cima da trave a dois metros da linha de golo.

Diferentes após o intervalo

Do balneário voltou um Benfica mais intenso e logo aos 55’ Rafa, servido por Ángel Di María, numa transição (lá estão os protagonistas de sempre), disparou em direção à baliza e com um remate de bico fez a bola passar caprichosamente a centímetros do poste esquerdo.

Os encarnados estiveram sempre por cima e mantiveram-se após o intervalo, tiveram sempre mais bola que o adversário, mas no limite do risco e a cometer erros que transmitiram sempre boas sensações ao Casa Pia — de que o Benfica dominava o jogo mas não conseguia verdadeiramente tê-lo na mão.

Foi então que Schmidt decidiu não esperar mais e injetou a equipa com duas doses de adrenalina. Do banco saltaram Neres e Cabral; o primeiro reclamou bola e a condução da maioria dos ataques e o segundo marcou um grande golo (além de outras iniciativas de qualidade) que resolveu o jogo e fixou o resultado. O Benfica passou a ter mais confiança nas suas ações, defensivas e ofensivas, e poderia ter aumentado a vantagem, embora a vitória pela margem mínima lhe assente bem porque sofreu muito e por culpa própria — apesar da boa exibição do Casa Pia — para conquistar os três pontos.

Schmidt leu muito bem o jogo e Cabral, sobretudo o ponta de lança, aproveitou bem os minutos em campo para provar que merece que o treinador reabre a discussão sobre quem deve ser o titular no ataque.