Duarte Gomes analisa arbitragem do Casa Pia-Benfica
PAULO CUNHA/LUSA

Duarte Gomes analisa arbitragem do Casa Pia-Benfica

NACIONAL17.03.202420:59

Arbitragem positiva

Cláudio Pereira viajou até Rio Maior, onde dirigiu o Casa Pia AC / SL Benfica.

Na sala de vídeo arbitragem, em Oeiras, esteve o portuense Rui Oliveira.

Neste jogo foram assinaladas apenas doze faltas, número assinalável e que andará seguramente perto do recorde a este nível. Mas apesar da coragem na interpretação ampla dos vários contactos, a verdade é que o árbitro aveirense não sancionou como devia algumas infrações que deviam ter sido punidas. A vontade em querer "deixar jogar", contribuindo para a qualidade do espetáculo, é nobre e até elogiável, mas não pode nem deve nunca ser maior do que o papel de um árbitro, que é fazer cumprir as leis de jogo. Esse equilíbrio nem sempre é fácil, cabe a quem arbitra essa capacidade superlativa.

Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:

6' Varela, com a bola dominada no solo, levantou a mão esquerda atingindo o rosto de Marcos Leonardo de forma (no mínimo) imprudente. O árbitro não se apercebeu e seria difícil que o conseguisse naquela circunstância, mas ficou infração por assinalar.

9' Bola rematada por Rafa, tocou no cotovelo esquerdo de Zolotic depois de ressalto anterior. O central bósnio tinha os braços em posição natural e nada de fez para infringir. Lance legal e bem analisado na área do Casa Pia AC.

16' Má decisão de Cláudio Pereira, contrariando sem necessidade indicação corretíssima do seu arbitro assistente: Di Maria derrubou Nuno Moreira, impedindo taticamente (falta antidesportiva) a sua saída em velocidade. Ficou por assinalar um pontapé-livre e por exibir o cartão amarelo ao avançado argentino.

18' Golo bem anulado ao Benfica e importa detalhar porquê: o facto de Ricardo Baptista tocar intencionalmente na bola não é considerado, pela lei, como passe deliberado (ou seja, não anula o fora de jogo de João Neves). É lido como "defesa", contando então o momento anterior, ou seja, o remate inicial de Otamendi. Aí foi claro que o médio encarnado, que marcou, estava se facto adiantado. Decisão correta. Nota importante: quando saltou com António Silva, o guarda-redes do Casa Pia tocou no adversário (cotovelo na cabeça) antes de jogar a bola, mas isso deveu-se ao movimento/impulso que ambos fizeram para disputar o lance. Não houve infração imprudente ou negligente de nenhum dos dois.

45' Florentino viu com justiça o primeiro cartão amarelo da partida após abordagem ilegal a lance com Nuno Moreira. O médio encarnado pisou o pé direito do adversário de forma notoriamente negligente.

45+1' Di Maria voltou a cair na tentação da queda fácil, parecendo claro que o fez para levar o árbitro a assinalar infração que não existiu: o avançado encarnado, após adiantar demasiado a bola, levou o pé esquerdo ao contacto com a perna direita de Telasco, simulando possível penálti. Devia ter visto o cartão amarelo pela conduta antidesportiva.

55' Tchamba atingiu Di Maria, com pancada acima do joelho esquerdo. O argentino, desta vez, "teve razão" nas suas queixas. A infração do camaronês foi claramente negligente e tinha que ter sido sancionada com cartão amarelo.

64' Telasco desarmou Rafa Silva perto da sua área, mas sem cometer infração sobre o avançado encarnado. Esteve bem o árbitro.

65' Aursnes agarrou a bola desnecessariamente, correndo o risco de ver a sua equipa sancionada com um pontapé de penálti totalmente evitável. A verdade é que nenhuma imagem esclareceu a 100%, o que quer que fosse. Neste caso é justo aceitar como boa a decisão da equipa de arbitragem.

74' Golo do Benfica, marcado por Arthur Cabral, na sequência de jogada legal conduzida pelo corredor direito.

77' Abordagem negligente de António Silva valeu-lhe justo cartão amarelo: o central encarnado entrou de forma demasiado impetuosa ao lance, tocando primeiro na bola e depois (com a sola da bota) no pé direito de Rúben Lameiras. Decisão indiscutível do árbitro aveirense.

Nota - 6