Liga • Round 25Estadio Municipal de Rio Maior
(OG) Ricardo Esgaio
45'
77'
Viktor Gyokeres (P)
34'
Viktor Gyokeres
12'
Gonçalo Inácio
Gaguejar um bocadinho mas, de novo, poliglota (crónica)
Festejos leoninos em Rio Maior (IMAGO)

Casa Pia-Sporting, 1-3 Gaguejar um bocadinho mas, de novo, poliglota (crónica)

NACIONAL09.03.202520:32

Leão mandou no jogo até ao 2-1 e depois do 3-1. Após o descanso, os gansos subiram de rendimento e andaram perto do empate. Mas o penálti de Gyokeres, aos 77', fechou todas as dúvidas em torno do resultado

Voltou Hjulmand, já voltara Gyokeres, Morita e Catamo estão a voltar e pelo que se viu, num jogo que o Sporting dominou em 70 dos 90 minutos, o leão recomeça a mostrar-se esfomeado. Até porque, que se saiba, ninguém se aleijou. Houve momentos de gaguez, sim, sobretudo após o golo do Casa Pia, período em que alguma aparente instabilidade emocional se instalou, muito bem aproveitada pelos casapianos para crescerem. Porém, de novo com a impressão digital do sueco, espécie de Viktor Viktoria, o Sporting voltou a falar fluentemente múltiplas línguas.

O jogo começou com o Sporting de prego a fundo em busca de marcar cedo. Trincão teve o golo nos pés, mas seria de novo, como aconteceu com o Estoril, de cabeça que os leões chegariam ao 1-0. Longo lançamento de Quenda, sobre a direita, aparecendo Gonçalo Inácio a desviar para golo. O jogo começava, enfim, a desbloquear-se.

O Casa Pia queria muito, mas parecia não ter condições para se opor à maior força do Sporting. Gyokeres, pouco depois, passou por José Fonte com tremenda facilidade e dava o mote para aquilo que poderia seguir-se.

Pouco depois da meia hora, longo lançamento de Hjulmand a desmarcar Gyokeres sobre a esquerda, com muito espaço para o sueco progredir. À sua frente, de novo, José Fonte.

Todos sabem o que Gyokeres vai fazer. Fonte sabe, o Casa Pia sabe, o Mundo sabe (que). Bola no pé direito, metros atrás de metros e, quando a baliza lhe aparece no horizonte, pequeno toque para a direita e pum, remate forte. Fonte sabia que seria assim, Patrick Sequeira, o guarda-redes, sabia que assim seria, tal como o Casa Pia e o Mundo. E a bola, claro, obediente, fez o que Gyokeres queria, embora com a ajudinha do número 1 casapiano, que deixou a bola passar por baixo do corpo.

Com 2-0, o jogo parecia resolvido. Até porque o Sporting, embora deixando mais bola e mais jogo para o Casa Pia, controlava quase todas as variáveis. E tinha Gyokeres na frente e Hjulmand atrás, o que era determinante: goleador e cérebro.

Até que, pertinho do intervalo, Larrazabal fugiu pela direita, Matheus Reis fez pouca pressão e a bola seguiu para a área leonina. Podia ter ido para os pés de Gonçalo Inácio ou Diomande. Mas não. Foi para os pés do rei do azar: Ricardo Esgaio. Este sofreu a pressão de Miguel Sousa, a bola bateu-lhe na canela e, agora desobediente dos desejos de quem lhe tocasse, entrou na baliza de Rui Silva. Insólito autogolo, sim, mas tão importante como qualquer outro.

À beira do intervalo, o que parecia estar a tornar-se um jogo de onda quase só verde virou um pouco. Como reagiriam ambas as equipas após o descanso? Cresceria o Casa Pia? Sentiria o Sporting aquele autogolo? Mexeria algum dos treinadores no seu onze?

Logo a abrir o segundo tempo percebeu-se que a tendência mudara e era agora o Casa Pia que andava mais perto do golo. Rui Silva evitou o empate com duas defesas de elevado grau de dificuldade, evitando golos de José Fonte (52’) e Rafael Brito (57’).

Pouco depois da hora de jogo, Rui Borges mexeu no onze, tentando equilibrar as operações. Tirou Hjulmand (amarelado) e Quenda e meteu Morita e Catamo. O Casa Pia continuava por cima do jogo e sentia-se que a qualquer altura, aproveitando a gaguez leonina pós autogolo de Esgaio, o empate poderia surgir.

Até que, aos 77’, a gaguez terminou. Tchamba derrubou Trincão, Hélder Malheiro mandou seguir, mas foi chamado pelo VAR para ver melhor o lance. Viu e concordou com o VAR: penálti. Depois, como de costume, Viktor Viktoria mandou tremendo remate para o lado direito do guarda-redes e fez golo.

O Casa Pia minguou, o Sporting cresceu, mostrando-se, de novo, fluente em diversas línguas. Poderia ter marcado mais um outro golo, mas ficou-se pelos três.