Espaço Universidade NBA solidária em tempo de coronavírus (artigo de Eduardo Monteiro, 50)
O Comissário da NBA, Adam Silver, anunciou recentemente a suspensão da época desportiva por um período de um mês, atendendo a que um dos jogadores da equipa de Utah Jazz tinha sido infetado pelo coronavírus. De acordo com a mensagem tornada pública no dia 12 de Março, esta decisão tem como objectivo a salvaguarda da saúde e bem estar dos adeptos, jogadores, treinadores, árbitros, jornalistas, dirigentes, funcionários e todas as pessoas ligadas ao basquetebol profissional e público em geral. A interrupção terá a duração mínima de um mês e o reatamento da competição estará dependente da evolução da situação. De qualquer modo, a NBA está a estudar diferentes opções para ainda poder concluir a época desportiva antes do verão.
Na data da suspensão, com cerca de 64/65 jogos já efectuados por cada equipa na primeira fase da competição (regular season) e que tem 82 encontros previstos para cada uma, já há 4 formações apuradas para os playoffs; Milwaukee Bucks, Los Angeles Lakers, Toronto Raptors e Boston Celtics. Isto significa que ainda faltam apurar 5 equipas na Conferência do Este e 7 na Conferência do Oeste. Para um melhor entendimento vejamos as actuais classificações das duas conferências:
Conferência do Este
1º Milwaukee Bucks (53 vitórias-12 derrotas), 2º Toronto Raptors (46-18), 3º Boston Celtics (43-21), 4º Miami Heat (41-24), 5º Indiana Pacers (39-26), 6º Philadelphia 76ers (39-26), 7º Brooklyn Nets (30-34), 8º Orlando Magic (30-35), 9º Washington Wizards (24-40), 10º Charlotte Hornets (23-42), 11º Chicago Bulls (22-43), 12º New York Knicks (21-45), 13º Detroit Pistons (20-46), 14º Atlanta Hawks (20-47) e 15º Cleveland Cavaliers (19-46).
Conferência do Oeste
1º Los Angeles Lakers (49 vitórias-14 derrotas), 2º LA Cllippers (44-20), 3º Denver Nuggets (43-22), 4º Utah Jazz (41-23), 5º Oklahoma City Thunder (40-24), 6º Houston Rockets (40-24), 7º Dallas Mavericks (40-27), 8º Memphis Grizzlies (32-33), 9º Portland Trail Blazers (29-37), 10º New Orleans Pelicans (28-36), 11º Sacramento Kings (28-36), 12º San Antonio Spurs (27-36), 13º Phoenix Suns (26-39), 14º Minnesota Timberwolves (19-45) e 15º Golden State Warriors (15-50).
Assim, verificamos que para além das quatro equipas já classificadas existem outras que estão à beira do apuramento para os playoffs: LA Clippers, Denver Nuggets, Utah Jazz, Oklahoma Cty , Houston Rockets e Dallas Mavericks (conferência do oeste) e Miami Heat, Indiana Pacers e Philadelphia 76ers (conferência do este). Se este prognóstico se vier a confirmar com o apuramento destas equipas, apenas ficarão disponíveis duas vagas no Este que, em nossa opinião, podem ser preenchidas pelos Brooklin Nets e Orlando Magic e uma vaga no Oeste, que está ao alcance dos Memphis Grizzlies. À distância, não vemos que haja dificuldades de maior para encontrar as 16 equipas (8 por conferência) que irão disputar os playoffs, no período em que NBA entender ser o mais conveniente.
A época desportiva, em termos económicos, não começou bem para a liga profissional norte americana, face à proibição das autoridades chinesas de transmitirem os jogos da NBA como represália ao apoio público manifestado pelo Director Geral dos Houston Rockets relativamente às manifestações em Hong Kong, quando a equipa se encontrava na China a efectuar os habituais encontros de início de época. Segundo consta a proibição implicou um prejuízo na ordem dos 500 milhões de dólares. A suspensão agora efectuada significa mais um abalo financeiro para a NBA. De qualquer modo, aconteça o que acontecer, a NBA não vai desistir. Pelo passado histórico da organização e pelo correspondente entusiasmo dos adeptos norte americanos pela modalidade, acreditamos solenemente que com a colaboração de todos os intervenientes, serão encontradas soluções ajustadas que irão devolver o basquetebol profissional à normalidade.
Entretanto, a saúde pública é prioritária e, nesse sentido, os clubes e jogadores da NBA já anunciaram publicamente a sua solidariedade para com os mais desfavorecidos na actual situação. Os Golden State anunciaram um donativo de 1 milhão dólares para um fundo solidário para apoio às pessoas infectadas pelo vírus. Brooklyn Nets, Washington Wizards, Dallas Mavericks e Golden State Warriors assumiram o pagamento dos salários dos funcionários dos pavilhões onde realizam os seus jogos.
O campeão mundial norte americano Stephen Curry (Warriors) assumiu o pagamento de refeições a 18 mil crianças dependentes da alimentação fornecida nos refeitórios das escolas que foram encerradas. O internacional grego ,Giannis Antetokounmpo (Milwaukee Bucks) e o seu colega de equipa Chris Middleton vão contribuir com 200.000 doláres para o pagamento dos salários dos funcionários do pavilhão onde a sua equipa joga (FiServ Forum) que, neste momento, se encontram sem trabalho (desemprego técnico). O internacional francês Rudy Gobert, primeiro jogador infectado da NBA, vai atribuir meio milhão de dólares para o combate ao coronavírus no seu país. O mais consagrado jogador dos Minnesota Timberwolves, Karl-Anthony Towns atribuíu 100.000 dólares à Clínica Mayo que vem desenvolvendo importante tarefa na detecção do coronavírus passando, com esta contribuição, a realizar 1000 testes diários em vez dos 200 que vinha fazendo. Os jogadores internacionais norte americanos Kevin Love (Cleveland Cavaliers), Blake Griffin (Detroit Pistons) e a nova estrela Zion Williamson (New Orleans Pelicans) já se comprometeram (100.000 dólares cada) em ajudar os funcionários das instalações desportivas que se encontram em desemprego técnico.
O desporto sempre foi, ao longo da sua existencia, uma actividade humana solidária com as crianças e pessoas mais desfavorecidas, pelo que a atitude destes desportistas da NBA está em consonancia com o papel desempenhado, desde sempre, pelos grandes homens do desporto na construção de um mundo melhor.
Eduardo Monteiro