A sinceridade de Schmidt e uma revelação: «Não me sinto campeão»

Benfica A sinceridade de Schmidt e uma revelação: «Não me sinto campeão»

NACIONAL27.06.202320:19

Helton Leite elogiou, em entrevista a A BOLA, a frontalidade de Roger Schmidt, sublinhando a forma como o treinador alemão «agarrou» o plantel desde o início.

O que foi que Roger Schmidt lhe transmitiu no início desta temporada?
- Sempre esteve tudo muito claro, Roger Schmidt sempre deixou tudo bem claro para todos. Acredito que se você perguntar a 100 por cento dos jogadores, seguramente mais de 90/95 por cento vão responder de caras que ele [Roger Schmidt] sempre transmitiu uma ideia muito clara, sempre foi muito sincero desde o início.


- Agarrou os jogadores desde o início, foi isso?
- Foi sempre tudo muito claro com ele, expressou muito bem o que queria fazer, como o queria fazer e sim. É isso, agarrou toda a equipa com a ideia dele. Trabalhei seis meses com ele mas só posso dizer bem, tenho grande respeito. Acho que é um treinador fantástico e foi um privilégio ter conhecido, ter trabalhado com Roger Schmidt. Como atleta, fiquei com uma imagem muito positiva, pela forma como ele entende e vê o futebol. Conversámos várias vezes e guardo o jeito dele como referência para aquilo que sou hoje e quero ser no futuro. Sempre foi muito sincero, muito direto, muito cordial comigo e isso leva-me a respeitá-lo muito.


- Independentemente de não lhe ter dado minutos, apenas um jogo na Taça de Portugal?
- Há coisas maiores do que pensar no eu, eu, eu… Claro que temos de pensar no que nos rodeia, na família… mas este é o nosso trabalho, aquela é a nossa profissão e como profissionais temos de respeitar a nossa empresa e quem está à frente dela. E há decisões que têm de ser tomadas. Acredito e defendo isso. A diferença está na forma, na maneira de tomar essa decisão. E nós rapidamente vimos que Roger Schmidt era alguém de caráter, de valores e que joga limpo. E quando isso acontece, quando você tem o respeito do atleta, acho que 90 por cento do caminho está feito. O resto tem de ser a qualidade individual, mas quando se tem o respeito a gente vê muita coisa boa a partir disso. Este treinador do Benfica é alguém que merece todo o sucesso do mundo.
 

- E também se sentiu campeão? Embora não tendo jogado, fez parte do plantel durante seis meses, também se sentiu um bocadinho campeão?
- Fiquei feliz pelo clube… Campeão?… Não. Campeão foi quem esteve lá a época toda. Isso para mim é muito claro, campeão é quem esteve de início até ao fim. Até poderia ter feito 30 ou 90 minutos, ia ser bom ficar com o título no currículo, receber a medalha… mas campeão não. Mas atenção, fiquei sim muito feliz, muito contente por ter vivenciado por dentro a forma como se chegou a este título. O Benfica ficou no meu coração e terem sido campeões esta época foi motivo de muito orgulho para mim, pelo empenho que sempre demonstrei e que, acredito, obrigou o Vlachodimos a estar a um nível muito alto. Todo o mundo precisava disso. Acho que foi uma grande época, campeões com dois pontos à frente do FC Porto… a forma como o FC Porto esteve no campeonato valorizou o título do Benfica, provando que o trabalho foi muito bem feito. Fico muito feliz por esse sucesso, muito feliz pelo presidente Rui Costa, que foi alguém também sempre muito correto e honesto comigo desde o início. Fiquei muito contente pelo clube, pelo treinador, pelo presidente, pelos atletas e pelos adeptos, claro.