Duarte Gomes analisa arbitragem do Bósnia-Portugal
Halil Umut Meler esteve bem nas decisões mais relevantes
Halil Umut Meler foi designado pelo Comité de Arbitragem da UEFA para o Portugal-Bósnia Herzegovina. O francês Benoit Millot desempenhou a função de VAR. O internacional turco tem 37 anos. Foi promovido a internacional em 2017 e pertence, desde 2022, à elite da arbitragem europeia. Ontem teve pela frente jogo tecnicamente fácil, não apenas pelo avolumar do resultado, como também pelo comportamento correto dos intervenientes.
Apesar da boa decisão a abrir, manteve a tendência gestual também habitual por cá: a de colar o dedo no ouvido/auricular, como que dizendo aos jogadores que cabia ao VAR a sentença final sobre a sua opção técnica. Feito desse modo, quase tímido e fragilizado, parece mais justificação para o exterior do que propriamente cumprimento do protocolo. Fica mal, só isso.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
3' João Félix rematou bola pelo solo que tocou na perna direita de Hadzikadunic e ressaltou para o peito/braço direito de Barisic, deslizando até quase até à mão. Por regra, bolas que resvalam/desviam do corpo de um jogador para o braço de outro não são de punir, por considerarem-se inesperadas. A exceção geralmente acontece quando o jogador em questão tem um ou os dois braços francamente abertos, recorrendo a volumetria desnecessária para o seu movimento. Foi exatamente isso que aconteceu ali. Essa imprudência tem um custo elevado, que é a sanção técnica (pontapé-livre ou, como foi o caso, pontapé de penálti). Ontem o defesa bósnio não teve intenção de infringir, mas pagou preço alto por abordagem evitável. Foi correta a decisão da equipa de arbitragem. A infração não pressupunha ação disciplinar.
15' Rahmanovic, na luta pela posse de bola, terá tocado com a mão direita nas costas de Danilo. O médio português parou a jogada aparentando estar algo lesionado, mas o toque em si não pareceu de todo imprudente. O árbitro assim não entendeu, punindo a ação do médio da Bósnia como faltosa.
19' Rúben Dias saltou à bola com Dzeko, ficando a ideia que terá tocado, com o braço/cotovelo esquerdo, no rosto do atacante bósnio. As imagens não foram esclarecedoras, pelo que se dá o benefício da dúvida à decisão do árbitro (não assinalou infração), mas o contacto, ainda fora da área da equipa portuguesa, pareceu ilegal.
20' No momento do passe de João Félix, Cristiano Ronaldo estava milimetricamente em jogo. A imagem inicial, parada no frame errado (após o passe do avançado do Barcelona para o capitão da seleção nacional), deu a ideia de que o fora de jogo tinha sido bem sancionado pelo árbitro assistente, mas após a visualização da imagem correta, que mostrou o momento certo do passe, constatou-se que foi legítima e oportuna a intervenção do VAR. Golo bem validado para Portugal.
25' Golo legal de Bruno Fernandes, na sequência de assistência bem sucedida de Gonçalo Inácio.
41' Uma vez mais, o árbitro assistente errou ao considerar como irregular golo legal da seleção nacional. Neste caso, foi João Félix a partir detrás da cortina defensiva adversária, quando Otávio fez o passe. É justo reconhecer que, quer neste golo, quer no do 0-2, os lances foram muito na queima e de elevado grau de análise em campo.
45+3' João Félix rematou à baliza adversária, ficando agarrado ao pé. No entanto, não houve qualquer infração de Kolasinac. O avançado português terá batido pontapeado inadvertidamente o próprio pé.
83’ Hadzikadunic derrubou Diogo Jota pelas costas, na sequência de abordagem negligente ao lance. Foi bem sancionado com pontapé-livre direto e cartão amarelo.
87’ Kolasinac adiantou a bola em demasia e ao tentar recuperá-la, acabou por derrubar as pernas de João Neves de forma notoriamente negligente. Foi bem advertido pelo árbitro da partida.
Nota 6: bem nas decisões relevantes