Duarte Gomes analisa a arbitragem do Escócia-Portugal
Muita hesitação e alguma insegurança em jogo sem erros graves
Lawrence Visser dirigiu o Escócia/Portugal, jogado em Glasgow. O também belga Bram Van Driessche foi o VAR.
Visser tem 34 anos, mas alguma experiência a este nível (é internacional desde 2017). Ontem não cometeu erros relevantes, mas mostrou-se inseguro em várias ocasiões, não atuando com a coerência e firmeza que se exige a este nível.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
4' Cabeceamento de McTominay, após cruzamento da esquerda de Doak, sem fora de jogo do ataque escocês. Esteve bem o árbitro assistente.
11' Diogo Jota ainda esboçou pedido de penálti, mas sem razão. O avançado foi tocado nas costas pela mão esquerda de Ralston, mas de forma aceitável para a circunstância. Bem o árbitro ao nada assinalar.
16' João Cancelo tentou remate acrobático, atingido o peito de Robertson. A infração foi sancionada com pontapé-livre direto na área adversária. Se não houvesse contacto físico, a sanção técnica teria que ser pontapé-livre indireto. Tudo certo.
18' Diogo Jota levantou a sola do pé direito, atingindo a perna de Christie. A infração foi negligente e bem punida com cartão amarelo.
20' Christie derrubou Nuno Mendes em infração cometida por trás, com dureza (às pernas) e apenas para travar a saída com bola do português. Infração claramente para amarelo. Errou o árbitro.
24' Entrada dura, à perna, de Ralston sobre Francisco Conceição. A infração, em zona adiantada e após drible do português para a área adversária, devia ter valido advertência. O árbitro teve opinião diferente.
26' Amarelo bem mostrado a McTominay na sequência de entrada muito negligente sobre Bruno Fernandes.
31' Cristiano Ronaldo não concordou, mas a verdade é que a sua tentativa de "bicicleta" fez perigar a integridade física de Gilmour, que disputou o lance com ele. Infração bem assinalada.
36' Bruno Fernandes protestou pelo facto de Gordon ter agarrado a bola fora da sua área, mas as imagens disponíveis sugeriram que o guarda-redes da Escócia não cometeu infração.
48' McTominay projetou-se para o solo sem que Francisco Conceição cometesse falta. O árbitro foi ludibriado, assinalando infração que não existiu.
50' Palhinha foi advertido com justiça após entrada negligente sobre Doak.
54' Nuno Mendes acelerou e tocou claramente na bola, colocando-a para lá da sua linha de baliza. O lance ocorreu à frente do árbitro assistente. Era pontapé de canto para a Escócia e não de baliza para Portugal.
55' Ronaldo ainda empurrou a bola para as redes à guarda de Gordon mas o jogo já estava (corretamente) interrompido, porque Nuno Mendes cruzou bem para lá da linha de baliza adversária.
77' Contra-ataque rápido dos escoceses, sem fora de jogo à direita. Bem o árbitro assistente ao perceber que António Silva, no meio, validou a posição do adversário.
82' Alguns jogadores,.incluindo Cristiano Ronaldo, pediram pontapé de canto e com razão: a bola desviou mesmo na cabeça de um escocês antes de sair do terreno de jogo. Novo erro da equipa de arbitragem, que não legitimou o aparente excesso de palavras de Rúben Dias (foi advertido).
90+4' Quando a bola saíu pela linha de baliza da Escócia, os quatro minutos dados pelo árbitro (tempo inferior ao que seria justo) estavam esgotados. Nada aconteceu entretanto que justificasse tempo adicional. Neste caso o pontapé de canto não deve ser concedido. Mas acertando aí, o árbitro errou antes, ao hesitar demasiado na sinalética. Terá sido isso que "enfureceu" o capitão português, que escapou à mais que merecida ação disciplinar. Bernardo Silva não teve a mesma sorte.
Nota - 5