OPINIÃO Vítor Serpa na história de A BOLA
Não será por dizer adeus, após meio século de vínculo a A BOLA, que Vítor Serpa deixará de ser a sua maior referência, a par de Cândido de Oliveira
Esta imagem tem 38 anos e captou o momento em que o jornalista de A BOLA Vítor Serpa entrevistava o futebolista José Manuel Delgado. Muita coisa aconteceu, de então para cá. Como, por exemplo, ter entrado para os quadros de A BOLA a 5 de março de 2003 e ter forjado uma amizade blindada com Vítor Serpa, o melhor jornalista com que me cruzei, comunicador nato, escritor de méritos firmados, pensador profundo, e um humanista extraordinário, agraciado pela Presidência da República com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, mas, sobretudo, um homem de família e para a família.
Ao lado de Vítor Serpa, em quase duas décadas na direção de A BOLA, tomei contacto com uma sabedoria que vai para lá do espaço e do tempo, e juntos estivemos envolvidos em muitas batalhas, de matizes diferentes: umas ganhámos e nunca perdemos nenhuma, porque quem se bate por princípios, nunca sai derrotado. Foram anos extraordinários, quer de regeneração e higienização do futebol português, quer de evolução das formas de comunicar, sendo que nem sempre (ou quase nunca) as melhores respostas foram encontradas para os desafios que a tecnologia propunha.
Cinquenta anos e cinco meses depois de ter entrado no número 23 da Travessa da Queimada, o Vítor deixou de escrever em A BOLA. Despediu-se dos leitores, lembrou que sem jornalistas não há jornalismo, e foi à vida dele. Ou melhor, à nossa, porque continuamos a falar diariamente e temos combinados nove buracos semanais no Jamor (e na Aroeira, prometo). Para os leitores, é um até sempre. Para mim, será sempre um até já.