Vamos continuar juntos e a ganhar

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OPINIÃO15.06.202306:30

No FC Porto, é urgente investir em jogadores que entrem de imediato na equipa e possam trazer mais opções para Sérgio Conceição

E assim Pinto da Costa e Sérgio Conceição poderão manter e reforçar o projeto para conquistar mais vitórias e com horizonte temporal novo: 2023/24.


A preparação de uma nova época é sempre exigente e, por isso, urge definir o relatório sobre o trabalho da temporada finda e a preparação cuidada da próxima. Sérgio, como é seu hábito, dá muita atenção às opiniões do seu staff sobre o que esteve bem e tudo o que poderia ter sido melhor. Ocorreram lesões em momentos importantes que tiveram como consequências algumas quebras de rendimento (também como consequências do Mundial no Catar, no fim de 2022). Numa observação cuidada e projetiva para atacar o mercado e conseguir, atempadamente, os reforços que o clube carece e que a visão radiográfica de Sérgio detetou. É urgente investir em jogadores que, além de terem condições para entrar de imediato na equipa, possam trazer mais opções. A saída de Uribe, um profissional de grande dimensão desportiva e humana, deixa um vazio que o FC Porto tem de colmatar, assim como a cuidada análise dos dossiers de atletas em fim de contrato, bem como a venda de alguns dos elementos mais valiosos, por serem impossíveis evitar saídas para clubes mais poderosos economicamente. O objetivo é conseguir um plantel equilibrado e coeso para se poder entrar na competição com um ritmo de grande intensidade que perdure. Como curiosidade, os azuis e brancos têm 84 títulos conquistados e o Benfica menos um, porquanto as duas primeiras Supertaças (Boavista ganhou uma e Benfica outra) foram oficiosas e não oficiais. Sabemos que os clubes nacionais precisam de vender ativos para manter o equilíbrio financeiro, contando com o desenvolvimento de talentos para encaixar verbas que permitam perseguir mais vitórias. Todos os clubes precisam de reforçar posições para manter o melhor ritmo de triunfos.
Ao contrário dos exagerados que chegam a considerar os encarnados como equipa de outro mundo (o fanatismo tem destas coisas), provocando os portistas e apontando-os como grande clube regional, os azuis e brancos, afinal, continuam na liderança de títulos e são o clube nacional com mais verbas conquistadas nas competições europeias. Da influência extraterrestre da Luz para o realismo dos dragões que acumulam, todos os anos, mais títulos que os que sonham ser de outro universo. Continuar a falar do título é fruto de quem não consegue entender as diversas situações e, por isso, rejubilam por conquistarem um único. É importante, sim, mas fazem-no de uma forma exagerada. Pegar nas palavras dos adversários e continuar a festejar até saturar (o campeonato já acabou) é sinal evidente do sufoco porque passaram. No FC Porto, o processo é diferente e, acabado o campeonato, o foco passa a ser a nova época, mesmo com os erros de diversos árbitros, sem grande qualidade e com diversas falhas decisivas. Outros preferem prolongar festejos, mesmo na pausa entre campeonatos, para manter os adeptos e os comentadores focados noutros pontos. Analisar o que se vê é mais importante do que identificar situações rotineiras como se tivessem algo mais do que a simplicidade do jogo e a pontinha de sorte que acompanha sempre os vencedores. Por vezes, mesmo vencendo um ou mais títulos, há sempre quem desvalorize o número de vitórias conseguidas na mesma época, porque foram conquistadas pelo adversário direto. Faz recordar a história da raposa que não chegando às uvas, retirou-se da vinha derrotada, desvalorizando a situação ao afirmar que as uvas estavam verdes e não se podiam tragar. Ao cair de uma folha, a raposa virou-se rápida, mas era só mesmo uma folha a cair. E se fosse ao contrário?! Se por acaso, o clube da Luz tivesse conquistado vários títulos, os textos seriam diferentes, porque elogiados de forma soberba.
Curiosamente, é uma tarefa muito esclarecedora consultar os títulos alcançados antes e depois de Pinto da Costa como Presidente. Contando as várias competições do nosso futebol, salta uma evidência clara: antes de Pinto da Costa, Benfica 48 títulos, Sporting 31 e FC Porto 16. Depois, a inversão dos números foi total: o FC Porto tem 68, o Benfica 36 e o Sporting 23. Uma verdade transparente como a água.


O UNIVERSO PORTO

S ÃO vários os jogadores que Sérgio conseguiu potenciar de forma excecional. O resultado está à vista, a não ser que o fanatismo doentio não consiga perceber a qualidade do trabalho (notável) do treinador do FC Porto. Em Otávio, por exemplo, percebe-se a importância de um treinador que conseguiu desenvolver uma mentalidade de luta pelos títulos. No Dragão, “ganhar é um vício”. Pepê revelou evolução e grande capacidade para jogar em diversas posições, sempre com resultados brilhantes. Taremi, matador, é um jogador imprescindível e um exemplo para os mais jovens que começam a evidenciar as capacidades que os vão tornar jogadores muito influentes. A organização defensiva e ofensiva, a partir de Diogo Costa, mantém a coerência estratégica e as dinâmicas sempre evolutivas que fazem do jogo dos azuis e brancos um problema constante para os adversários, nacionais e internacionais. Quando os jogadores afirmam que é fundamental “segurar Sérgio Conceição” é tudo categórico. O treinador do FC Porto tem uma tarefa complexa para voltar a apresentar uma equipa muito competitiva, que tem contar com reforços de qualidade para conseguir manter o equilíbrio indispensável.

Os seis anos de Sérgio Conceição revelam aspetos que não podem ser esquecidos: é o treinador com mais pontos conseguidos, mais vitórias, o segundo com mais golos marcados, o primeiro com menos golos sofridos, o primeiro a arrecadar mais milhões da UEFA. O nosso futebol tem de mudar na hierarquia, na procura da excelência, com árbitros que revelem competência, que consigam construir uma verdadeira elite de competência e não uma simples (por vezes sistemática) escolha do Conselho de Arbitragem (acumulando erros e falhas graves), inclusivamente de quem nomeia em função dos clubes em confronto. Por outro lado, se mesmo em Inglaterra houve falhas por distração do VAR (má colocação das linhas de fora de jogo, por exemplo, com a consequência do abandono de funções), por cá muito tem de mudar. Desperdiça-se tempo a mais em jogos que acumulam muitas paragens, revelam um número elevado de simulações para perdas de tempo e, convém recordar que descemos de posição no ranking da UEFA e temos obrigação de subir alguns patamares. Para isso, não pode haver influências e sempre os mesmos árbitros com os mesmos erros. Há poucos anos, a FPF criou um protocolo com a Federação Francesa para intercâmbios no domínio da arbitragem. A qualidade da árbitra e também do jovem árbitro que estiveram em Portugal não foi devidamente aproveitada, mantendo-se os erros sistemáticos. Os critérios não podem mudar em função dos clubes, devem manter-se sempre os mesmos! É preocupante ouvirmos afirmações do setor da arbitragem, alguns colocando-se em bicos de pé para conseguirem lugares na arbitragem. E se há setor que tem de evoluir, a todos os níveis, é a arbitragem, onde não cabem nomes, mas só competências. O grupo dos credenciados, que são escolhidos para os “jogos dos grandes” tem realizado arbitragens com problemas constantes, com erros graves e total desperdício, com inúmeras paragens: falta prestígio perante as equipas. Como foi possível ao fim de 3 mandatos não se ter construído um setor de arbitragem de nível mundial? Tantos milhões investidos, porém, a arbitragem, não tem um plano de fomento da criação de árbitro jovem, nos escalões de formação, para detetar os mais talentosos e com segurança, competência, frontalidade e imparcialidade. Nestes mandatos que vão dar origem a nova equipa dirigente e a um novo líder, houve aspetos positivos, em termos patrimoniais e espaços desportivos, contudo faltou muito noutras áreas, inclusivamente na investigação para potenciar o jogo desde os mais jovens, masculinos e femininos, criando protocolos com instituições de ensino para frequentar cursos específicos para nunca se ficar “descalço e sem horizontes.” Sem dúvida que se fez muito, porém podia ter-se feito muito mais, porque talento não nos falta, embora a criação de projetos de desenvolvimento, deva ser constante, transparente e com publicação das conclusões a nível global, com potencialidades para aperfeiçoar o jogo.


ENTIDADE EXTERNA PARA GERIR A ARBITRAGEM 

A arbitragem tornou-se uma prioridade que atingiu limites dificilmente aceitáveis. É urgente preparar a próxima época, com estratégias que facilmente se descobrem: há quem pretenda a criação de um organismo externo e independente para a arbitragem, com alguns indícios de eventuais pressões para manter tudo como está, inclusivamente alterando o nome e algumas mudanças aparentes, mas mantendo tudo na mesma, embora com outro figurino. Só agora? Aguardemos os nomes para podermos entender a dinâmica que poderá vir com mistificações e, curiosamente, só no fim dos mandatos do Presidente que vai abandonar o cargo, por ter atingido o limite legal. Qual a razão para não ter mudado antes? Essa questão tem a solução de milhão e de oportunismo! E só agora, mas mantendo o mesmo Presidente do CA da FPF? Certamente um equívoco imprescindível para corrigir! Os cargos devem ter duração rigorosa para evitar permanências que acabam por causar vícios e incapacidade de inovação. Como não podia deixar de ser, a Liga indicará dois nomes para analisar “o grupo de trabalho para debater a criação de uma entidade externa para a arbitragem”. Manter quem tem estado no CA, assim como o respetivo presidente, é retroceder, como facilmente se vislumbra, o que prejudica à partida a independência porque o trabalho a realizar implica outra mentalidade, sem dependências. Só ao fim de 12 anos se abordou esta questão! Curioso… 


REMATE FINAL 

A Liga, tem como objetivos essenciais, a realização dos jogos numa hora mais cedo e com bilhetes de acordo com a capacidade financeira dos adeptos, o que são decisões corretas.

A formação de árbitros jovens tem de ser prioridade. Em vez de prolongar a idade dos árbitros, a não ser em casos excecionais e de grande prestígio. Os jogos precisam de árbitros com competência, sem dependências nem autoritarismo para surgir uma arbitragem prestigiada.