Vale a pena formar
Os clubes, nomeadamente os de maior dimensão, têm escalões de formação desde tenras idades até ao processo de especialização. Este último passo, em contexto de alta competição. Claro que o objectivo não é só desportivo, conseguir jogadores com potencial para a sua equipa profissional, há outros também importantes, como, por exemplo, aumentar a sua base social de apoio.
O equilíbrio que é necessário para todo este processo ter sucesso é algo que, infelizmente, nem sempre se avalia da forma mais correcta. A avaliação deve ser qualitativa e quantitativa. Um clube formador tem jogadores formados internamente na primeira equipa, a avaliação qualitativa do processo. Por outro lado, a sua penetração no segmento dos mais jovens adeptos reflecte a avaliação quantitativa.
Por norma a avaliação tem em conta, em primeiro lugar, o número de títulos que se vencem nos escalões de formação. Os treinadores não são valorizados pelo desenvolvimento do potencial da sua equipa e dos seus jogadores, mas se vencem ou não o jogo. Esta visão limitada do processo formativo tem tido consequências no número de jogadores provenientes da formação que se conseguem impor na equipa principal.
Cada clube tem a sua identidade, podem designar por ADN ou mística, dada pelos seus jogadores/atletas, treinadores, dirigentes e adeptos. É importante a passagem desses princípios entre gerações. Os jogadores provenientes da formação têm de ter um espaço de crescimento que os ajude a chegar ao objectivo desportivo. O intervalo entre os 17/18 anos e os 21/22, é uma altura de definição, em que se precisa de tempo e paciência para a afirmação desses jovens.
Desistindo deste processo, para apenas nos preocuparmos com a vitória num jogo no processo formativo, é anteciparmos o fim desse mesmo processo. A identidade constrói-se durante dezenas de anos, a sua destruição pode acontecer em meses. A formação dá-nos a possibilidade de solidificar essa identidade.