Vale a pena formar

OPINIÃO25.01.201903:38

Os clubes, nomeadamente os de maior dimensão, têm escalões de formação desde tenras idades até ao processo de especialização. Este último passo, em contexto de alta competição. Claro que o objectivo não é só desportivo, conseguir jogadores com potencial para a sua equipa profissional, há outros também importantes, como, por exemplo, aumentar a sua base social de apoio.

O equilíbrio que é necessário para todo este processo ter sucesso é algo que, infelizmente, nem sempre se avalia da forma mais correcta. A avaliação deve ser qualitativa e quantitativa. Um clube formador tem jogadores formados internamente na primeira equipa, a avaliação qualitativa do processo. Por outro lado, a sua penetração no segmento dos mais jovens adeptos reflecte a avaliação quantitativa.

Por norma a avaliação tem em conta, em primeiro lugar, o número de títulos que se vencem nos escalões de formação. Os treinadores não são valorizados pelo desenvolvimento do potencial da sua equipa e dos seus jogadores, mas se vencem ou não o jogo. Esta visão limitada do processo formativo tem tido consequências no número de jogadores provenientes da formação que se conseguem impor na equipa principal.

Cada clube tem a sua identidade, podem designar por ADN ou mística, dada pelos seus jogadores/atletas, treinadores, dirigentes e adeptos. É importante a passagem desses princípios entre gerações. Os jogadores provenientes da formação têm de ter um espaço de crescimento que os ajude a chegar ao objectivo desportivo. O intervalo entre os 17/18 anos e os 21/22, é uma altura de definição, em que se precisa de tempo e paciência para a afirmação desses jovens.

Desistindo deste processo, para apenas nos preocuparmos com a vitória num jogo no processo formativo, é anteciparmos o fim desse mesmo processo. A identidade constrói-se durante dezenas de anos, a sua destruição pode acontecer em meses. A formação dá-nos a possibilidade de solidificar essa identidade.