Uma goleada para os assobios
Relação entre adeptos e o que a sua equipa joga é como estado em rede social: complicada
A cultura desportiva, neste caso a futebolística é, em Portugal, oca. A relação entre os adeptos e o que se passa em campo é como o estado numa rede social em que não se assume um casamento nem propriamente o divórcio, ou sequer que se está solteiro. É complicada.
Como os clubes não são iguais, seja em tamanho ou em identidade, também as reações são mais ou menos emotivas. Dizem que são sinais de que algo de errado está para acontecer, para mim é apenas falta de noção. Ou então o conceito de adepto e do seu papel ultrapassa a definição que tenho para o mesmo. Protestar com quem erra não o fará errar menos, ameaçá-lo não o deixará mais tranquilo para decidir melhor!
Depois dos apupos (e não só) às substituições diante do Toulouse, Roger Schmidt ouviu o seu nome ser ontem assobiado pelos seus durante o anúncio do onze inicial através da instalação sonora da Luz. Se antes, por acaso, teve tempo para passar os olhos pelo canal do clube, ouviu alguém perguntar a quem quisesse ouvir porque estava a inventar.
No final, o resultado, frente ao último é verdade, marcava 6-1. Tinha mudado seis jogadores, o mesmo número que fez descansar antes de um calendário frenético e deu ritmo a outros que podem vir a ser precisos. A equipa apertou a pressão e a contrapressão, posicionou-se alto e confiante no relvado e conseguiu jogar com o posicionamento contrário. Chegou à goleada, geriu depois. Ainda houve um ou outro assobio por não voltar a assaltar a baliza contrária. Essa é a exigência, por vezes absurda.
Se olharmos para a carreira do alemão, mesmo que por vezes pareça perdido na sua teimosia, é possível perceber que recupera quase sempre. Daí até ao título irá, claro, uma grande diferença, porém não pode haver dúvidas do seu profissionalismo e de algo, para mim, fundamental: a morrer será pelas suas próprias ideias.