Benfica-E. Amadora, 7-0 Na bicicleta de Di María até Arthur Cabral fica em forma (crónica)
Ao minuto 18 já o Benfica tinha resolvido a eliminatória com o Estrela da Amadora. Di María fez três golos e uma assistência. Arthur Cabral esteve muito perdulário, mas ainda teve acrobacia para bisar
As saudades da Argentina são a felicidade do Benfica. Enquanto a seleção de Lionel Scaloni vai pesando a ausência de Di María – apenas três vitórias em seis jogos desde a retirada de Ángel -, o Benfica beneficia por ter ainda o craque, e agora a tempo inteiro.
É verdade que Otamendi também teve lugar no onze de Bruno Lage, mas talvez o mesmo não tivesse sucedido com Di María – pelo menos com tanta frescura - se este tivesse andado igualmente a viajar por Assunção e Buenos Aires nos dias anteriores. Ficou em Lisboa, trocou o avião pela bicicleta, e assim, num registo mais ecológico, conduziu o Benfica aos oitavos de final da Taça de Portugal.
Ao minuto 18 já Di María tinha completado o hat trick mais rápido da carreira, que teve como ponto alto um golaço – o segundo - de pontapé de bicicleta. Mais uma obra de arte para a notável galeria que é a carreira de Fideo.
A eliminatória ficou arrumada logo aí, por força dessa entrada autoritária do Benfica, mesmo com cinco alterações na equipa inicial relativamente à goleada no clássico com o FC Porto. Uma das novidades foi Samuel Soares, que ainda brilhou três vezes na baliza encarnada, mas o 5x4x1 do Estrela da Amadora de José Faria mostrou-se demasiado frágil na Luz.
Em 4x3x3, com Aursnes sempre como guarda-costas de Di María, e desta feita com Rollheiser na meia-esquerda, o Benfica jogou a seu bel-prazer, com facilidade a ultrapassar a primeira linha defensiva do adversário e depois, a explorar triangulações – Carreras/Rolheiser/Beste e Bah/Aursnes/Di María – para criar inúmeras situações de finalização.
Arthur Cabral foi para o intervalo a lamentar um falhanço incrível, mas Akturkoglu, lançado ao intervalo, mostrou a eficácia habitual ao assinar o quarto golo benfiquista (59'). Depois dos três golos marcados, Di María ainda fez a assistência para o golo do turco, antes de abandonar o encontro.
O Benfica nunca baixou (muito) a intensidade, até pela qualidade dos jogadores que foram entrando. Bruno Lage promoveu a estreia do lateral Leandro Santos, mas ao mesmo tempo lançou Kokçu e Amdouni, os dois jogadores que desenharam o quinto golo: notável passe do internacional suíço a servir o avançado suíço na área.
Vangelis Pavlidis é que não saiu do banco, embora tenha chegado a fazer exercícios de aquecimento. Bruno Lage foi sensível ao momento de Arthur Cabral, mesmo depois de ver o avançado brasileiro desperdiçar três golos (que pareciam) feitos. O próprio público da Luz, tranquilizado pelo marcador, incentivou o avançado brasileiro nos momentos de desacerto, e acabou por ter retribuição dupla, já nos minutos finais. Porventura inspirado em Di María, o ex-Fiorentina fez o 6-0 com um remate acrobático na área, após jogada de Schjelderup, e fechou as contas com uma finalização fácil, após defesa incompleta de Meixedo.
Garantido o apuramento com estrondosa goleada a uma equipa do mesmo escalão, o Benfica não só conseguiu prolongar o estado de graça decretado frente ao FC Porto, como pode ainda ter revitalizado uma opção de ataque.