Três (ou 4) centrais
1 Depois de muitos anos, parece que o FC Porto volta a dispor de uma dupla de centrais brasileiros de primeiríssima qualidade. E se Felipe goza hoje de um reconhecimento generalizado quanto à sua competência ofensiva e defensiva, em particular no jogo aéreo, é verdade que por vezes se excede nalgumas abordagens corpo a corpo. Não nos esqueçamos ainda que levou o seu tempo a conquistar essa confiança na respectiva fiabilidade. Já a Éder Militão bastou o primeiro jogo para toda a gente imediatamente intuir que está ali uma estrela. Ainda por cima contratada por preço quase simbólico. Duas semanas depois, a sua cotação subiu de uma forma exponencial, o que também decorreu da simultânea chamada à selecção brasileira. Seja quando for e para quem for, parece segura a presunção de estar aqui um dos maiores negócios da história do Dragão.
2 Finalmente Mbemba, lesionado logo no primeiro treino, foi agora dado como apto. Para voltar a treinar. O início da carreira deste Mbemba foi deveras atribulado devido à falta de certezas sobre qual, se alguma, das diversas datas do seu nascimento era a correcta. Nas fichas de inscrição do congolês chegaram a constar os dias 8 de agosto de 1988, 30 de Novembro de 1991 e 8 de agosto de 1994. Diz-se ainda que o próprio jogador terá admitido que nasceu em 1990. A coisa era de tal modo estranha que as autoridades foram obrigadas a investigar as origens de Mbemba, de forma a esclarecer definitivamente a situação. Depois de reunida toda a documentação, um tribunal federal da República Democrática do Congo ditou que Mbemba nasceu a 8 de agosto de 1994. Sendo assim, o novo central dos dragões terá 23 anos. Mas no caso, não inédito, de ter ido de bicicleta para o registo civil, então teria agora completado o trigésimo aniversário. Uma sugestão: além da habitual bateria de exames clínicos a que os jogadores são submetidos aquando da respectiva contratação, porque não fazer também o teste do carbono14?
3 Na época transacta, uma camisola rubra que ostentava o número 66 sulcou um vale de terror nos relvados nacionais. E não, não foi a besta do Apocalipse, pois essa usa o 666. Quem a vestia era um rapaz chamado Dias, do qual se diz - e creio que com plena razão - poder vir a ser quase tão bom com os pés ou com a cabeça como indiscutivelmente já é com os cotovelos e com as mãos. Ainda por cima beneficia da protecção de uma espécie de manto diáfano que lhe garante uma imaculada impunidade, tanto que não há quem se atreva a exibir-lhe um cartão de cor idêntica à da sua gloriosa camisola. O que dizer da arte com que exerce o seu ofício? Magia. Pura magia. Daquela que fez com que, durante o campeonato inteiro, só uma vez - uma única vez! - fosse marcada uma grande penalidade contra a sua equipa. Será que tal fenómeno é repetível?