Buraco incomensurável
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Buraco incomensurável

OPINIÃO09.06.202412:00

Villas-Boas debate-se com adversidades enormes. Chico-espertices da SAD cessante, que até as migalhas levou...

Dantesco é o cenário que André Villas-Boas e sua equipa encontraram nas gavetas de uma SAD completamente à deriva, com decisões tomadas em cima do joelho e que deixaram o clube em profunda agonia. Como se não bastasse a decisão precipitada de comprar os terrenos para a Academia da Maia, o negócio ruinoso da venda dos direitos comerciais à Ithaka, em mais uma jogada eleitoral, também a renovação a dois dias do ato eleitoral com Sérgio Conceição teve efeitos nefastos para a vida corrente do clube. Pinto da Costa sabia de antemão que ia deixar a batata quente para quem viesse e não se importou. Mas nem ele, nem os seus acólitos, possibilitaram uma transição de poderes pacífica e célere como se impunha.

Quando se apercebeu que nas contas da SAD e do clube havia somente oito mil euros, André Villas-Boas ficou em transe, mas também já augurava algo parecido. O presidente do FC Porto promete agir em conformidade e, depois de ter os resultados das auditorias forenses que se vão iniciar no próximo mês, será implacável com todos aqueles que lesaram o clube em benefício próprio.

O dirigente não terá contemplações com quem ajudou a que houvesse um buraco incomensurável de milhões de euros e certamente não terá pejo em revelar os seus nomes na praça pública, não apenas para corarem de vergonha, mas também para responderem judicalmente perante as ilegalidades cometidas ao longo, sobretudo, da última década.

Dir-se-á que André Villas-Boas sabia de antemão o que ia encontrar, mas o panorama financeiro é bem superior ao que à primeira vista parecia. Dívidas em catadupa, fornecedores a baterem à porta todos os dias, incumprimento com clubes, empresários, enfim, um sem-número de ilícitos.

Fazendo das tripas coração, e em muitas situações recorrendo mesmo à sua conta bancária, André Villas-Boas olha o futuro com perseverança, sempre sustentado numa equipa jurídica e económica bastante forte. Não tenhamos dúvidas de que o CFO Pereira da Costa ganhou mais cabelos brancos nas últimas semanas do que alguma vez teve na vida. Todos os dias há problemas que urgem ultrapassar, como se um dia tivesse 48 horas. É neste carrossel de emoções — más, entenda-se — que vive quem tentar concertar erros de monta do passado. O dossiê treinador também obrigou a um certo jogo de cintura dos novos responsáveis portistas, já que a saída de Conceição não foi nada pacífica. As cláusulas colocadas no contrato de Francisco são igualmente preocupantes. Um dragão em labaredas. Literalmente...