Separação com Amorim vai deixar marcas
Não há divórcios felizes e leões vão ter dificuldades em esquecer. Gyokeres, Pedro Gonçalves, Hjulmand, Diomande ou Gonçalo Inácio vão ver-se envolvidos neste desenlace. Veremos se com sentimentos de vingança…
Acabou o casamento. Foram pouco mais de quatro anos e meio de relação, com mais momentos de felicidade do que de tristeza, mas tudo tem um fim e o ponto final entre Rúben Amorim e o Sporting chegou. O treinador não resistiu ao encanto do Manchester United e não vê a hora de viajar para Inglaterra ao encontro da nova paixão. Compreensivelmente.
Os red devils são um dos mais poderosos clubes do mundo e poucos podem dizer-lhe não. Considero que Rúben Amorim fez bem ao aceitar o convite, até porque a conjuntura dificilmente lhe poderia ser mais favorável. O Man. United está há anos afastado das grandes conquistas, o que permitirá ao treinador marcar um lugar na história do colosso inglês no dia em que o conduzir a um grande título. Ser o sucessor do sir Alex Ferguson é um desafio mesmo à medida da ambição de Amorim.
Bem diferente seria rumar, por exemplo, ao Manchester City, no qual as constantes conquistas de Pep Guardiola deixarão uma herança muito, muito pesada.
Rúben Amorim vai ter muito, muito dinheiro e também tempo para colocar a equipa à sua imagem. Assim como teve quando trocou o SC Braga pelo Sporting, em março de 2020. Também depois de ter visto a cláusula de rescisão ser paga. Uma espécie de meio ano zero, já que esta época pouco lhe será exigido, o que no futebol atual é ouro. Só os predestinados têm estas oportunidades e Rúben Amorim há muito que mostra que é diferenciado.
Já o Sporting, acredito, foi apanhado de surpresa com o raide do Manchester United. Mesmo depois do flirt entre o treinador e o West Ham, no final da temporada transata. O encontro com os londrinos nem chegou a namoro, mas deixou marcas na relação. Rúben Amorim foi apanhado em flagrante à entrada do avião, mas as desculpas para a escapadela surgiram céleres, a reconciliação foi rápida e tudo acabou em bem, no Marquês de Pombal e com novas juras de amor. Melhor que um campeonato, só um bicampeonato, até porque os leões não o festejam há 70 anos.
Agora, com os leões embalados, a vencerem e convencerem, chegou a separação. As partes já estão distantes e só falta oficializar o desenlace, que já todos conhecem, mas não há divórcios felizes. Pode nem haver traição, mas mágoa fica sempre. Por isso percebo a Administração leonina. Frederico Varandas quer que todos continuem unidos, pelo que, nesta fase de choque, novos membros não são os mais indicados. O presidente já escolheu o sucessor, pretende que o adeus cause a mínima dor possível e por isso apoiou-se na família. É assim que vejo a promoção de João Pereira.
Obviamente, nada acaba aqui. O futebol é volátil e num ápice tudo muda, o que é precisamente o que Frederico Varandas quer evitar. O casamento acabou, mas o presidente não vai dar nada de mão beijada ao treinador. Para Rúben Amorim levar quem quer que seja com ele neste momento os leões quererão ser ressarcidos e estarão dispostos a esperar até ao último dia.
E, arrisco a dizer, vão ter sempre dificuldades em esquecer a separação, por mais felizes que sejam os próximos tempos. E não me surpreenderá que daqui a uns meses Gyokeres, Pedro Gonçalves, Hjulmand, Diomande ou Gonçalo Inácio se vejam envolvidos neste desenlace. Depois veremos se com sentimentos de vingança…