Sem um bom Desporto Escolar continuaremos sedentários e obesos
Luís Montenegro apresentou programa na sede do COP. FOTO LUSA

Opinião Sem um bom Desporto Escolar continuaremos sedentários e obesos

OPINIÃO18.12.202409:26

Contrato-programa apresentado pelo governo deixa bons sinais e ótimas intenções para o desporto, mas continua a faltar o essencial: mudança de mentalidade. Algo que só pode começar na Educação

O Governo anunciou na terça-feira, com pompa e circunstância, a assinatura de um contrato-programa para a promoção do desporto em Portugal. As intenções são boas, o esforço é louvável e as prioridades parecem as certas: «Aumentar a prática desportiva, promover a igualdade de género e aproximar Portugal das boas práticas de outros países da União Europeia», disse o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte.

Este não é o primeiro nem será o último governo a demonstrar boa vontade para com o desporto, e a assumir que as práticas de Portugal são (como sabemos que são) muito menos boas que as da maioria dos nossos parceiros da UE.

Os milhões anunciados são obviamente importantes, porque poucas coisas avançam sem dinheiro a movê-las, mas o que importa realmente no nosso País é operar uma mudança de mentalidades. E essa, sabemo-lo, é a tarefa mais difícil de todas.

Enquanto a Educação Fìsica for o parente pobre dos currículos escolares (por mais que boa parte dos professores se esforcem para mudar a tendência), não evoluiremos por aí além.

Enquanto acharmos que é uma atividade paralela e por vezes marginal, longe da elevação das matemáticas, das ciências ou das línguas, continuaremos na cauda da Europa.

Enquanto não promovermos reais condições para os melhores atletas frequentarem as universidades e poderem prosseguir a sua carreira desportiva, estaremos a milhas dos exemplos que gostamos de apontar de quatro em quatro anos nos Jogos Olímpicos e teremos pouca moral para exigir medalhas aos nossos.

Mas o fundamental não está no ensino superior — está no básico e no secundário. Vivemos um tempo em que qualquer atividade desportiva praticada pelos nossos filhos é paga, porque os clubes também se veem com cada vez menos meios para ser tudo como dantes, quando ainda nos forneciam equipamentos, davam uma sandes e um sumo depois dos jogos e, com jeito, um prémio de jogo simbólico em caso de vitória.

O segredo (mal guardado) de uma melhor saúde desportiva em Portugal reside no Desporto Escolar. Há autênticos heróis a batalhar por ele pelo País fora, mas os resultados continuam fracos. Faltam infraestuturas, nuns casos, faltam professores, em outros, falta o próprio interesse dos alunos, muitas vezes. Gastem-se bem os milhões, mas sobretudo motive-se a comunidade escolar.

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