Schmidt bem ou Schmidt mal?

OPINIÃO21.08.202306:40

Vlachodimos nunca aceitaria ser suplente e essa responsabilidade não é de Roger Schmidt

VLACHODIMOS é o primeiro caso sério que Roger Schmidt tem de lidar na Luz. É verdade que houve a situação disciplinar de um Enzo que viajou à revelia para a Argentina antes de se precipitar a saída para o Chelsea, porém um desconforto como o causado pelo internacional grego é muito raro ao longo da carreira do alemão. Na Holanda, Schmidt afastou Ihattaren, talvez o jogador mais talentoso a sair da cantera do PSV nos últimos anos e que se tornou um caso disciplinar após a morte do pai, contudo, mesmo então, o técnico resistiu até ao limite possível. E mesmo assim foi criticado. Custa então entender que um líder tão elogiado pela maioria dos seus jogadores, aos quais explica abertamente as suas decisões, tenha caído em cima do guarda-redes no pós-Bessa. Não parece explosão inocente, mas sim consequência de algo que talvez desconheçamos. Não sei se Trubin pressionou Vlachodimos ao ponto de este se deixar cair no erro - e a verdade é que os cometeu- e se essa pressão se entendeu aos dias seguintes ao ponto de levar Schmidt a dizer o que não costuma dizer. Sei apenas que bastaram 90 minutos do jovem Samuel para perceber o quanto Vlachodimos não evoluiu em toda uma temporada com o alemão no banco. E o que se passou aponta ainda para o passado: treinadores de perfil tão distinto com Lage, Jesus e  Schmidt nunca esconderam a vontade de contar com um outro guardião e, apesar da resposta de Vlachodimos, que lhe mereceu justamente reconhecimento e gratidão nas bancadas, sempre esteve latente que nunca aceitaria a condição de suplente. E essa responsabilidade não é o treinador.

P.S. Schmidt vive em luta consigo próprio. Procura, com jogadores diferentes, reencontrar o equilíbrio entre vertigem e pausa. Para já, antes de pensar em Neres no onze, deve estabilizar com Di María, Rafa e Arthur. Complicado.