Sábado de Porto
(Foto: Paulo Santos)

OPINIÃO Sábado de Porto

OPINIÃO27.04.202410:00

Por muito que os lemas das campanhas de Pinto da Costa e Villas-Boas sejam inspiradores...

Jorge Nuno Pinto da Costa é presidente do FC Porto desde abril de 1982 e pela primeira vez desde há muito vai a eleições, este sábado, sem a garantia de que será reeleito. E já foi reeleito 15 vezes.

Pinto da Costa (Foto: Paulo Santos)

Contra ele corre André Villas-Boas, que se assume como o rosto da mudança e só pode prometer o futuro porque não tem passado para mostrar no dirigismo desportivo, ao contrário das décadas de conquistas de Pinto da Costa.

André Villas-Boas (Foto: Sérgio Miguel Santos)

Penso teria sido sensato que Pinto da Costa, aos 86 anos e sem ter que dar mais provas a alguém, não se tivesse recandidatado e optasse pelo adeus em glória, mas só ele saberá o que o levou a entrar em nova corrida e numa em que foi obrigado a correr mais do que nunca; arriscando-se a sair de cena com menos brilho do que mereceria, ou a continuar na cadeira de sonho dele com peso ainda maior para carregar e seguramente desafios mais difíceis pela frente.

Para trás fica uma campanha eleitoral marcada pela crítica a resvalar para o insulto e até violência e que não dignificou o clube e dificultou a clareza do processo.

Também grave, ou pelo menos de cariz torcido, são as decisões importantes tomadas e concretizadas à boca das urnas.

A assinatura de um acordo para alienação do naming entre outros direitos de exploração económica do Estádio do Dragão num total de 30 por cento e durante 25 anos, a assinatura de contrato com o jovem e talentoso Francisco Conceição, com o mesmo a assegurar 20 por cento de uma futura venda, ou a renovação de contrato oficializada com o treinador Sérgio Conceição, por mais quatro temporadas, ainda que (eventualmente...) possam ser passos reversíveis deveriam, acredito, pertencer ao próximo presidente eleito.

Os períodos de campanhas são quase sempre conturbados, de informação e contrainformação, até de um baixar de nível que em determinados momentos se aceita, mas nestas eleições do FC Porto o que houve quase sempre foi hostilidade e acho que até alguma falta de senso sobre o bem comum a todos os portistas que está em causa. Essa imagem já ficou, não pode ser apagada, só substituída.

Por muito que os lemas de campanha de Pinto da Costa e Villas-Boas, «Todos pelo Porto» e «Só há um Porto», tenham sido inspiradores, entre um mar de dúvidas os portistas terão ficado com a certeza de que, na verdade, não é assim: os dois não caminham na mesma direção e haverá um FC Porto com Pinto da Costa e um outro FC Porto bem diferente se ganhar André Villas-Boas.

Os sócios têm o voto. E têm também o direito a exigir que este sábado ou nos dias a seguir não se passe nada sequer próximo dos lamentáveis acontecimentos de intimidação e coação que mancharam a mais recente Assembleia Geral azul e branca, em novembro de 2023.