Regressos
Como salientou, e bem, Rui Costa no final, foi um jogo épico. E marcante. Como serão, acredito, os jogos frente ao Bayern e ao Barcelona
Vivemos tempos de regressos. Recordo no Gerês a localidade de Covide, que me recorda este vírus que ainda nos perturba e condiciona. Mas que graças a um eficiente plano de vacinação permite o regresso a uma relativa normalidade, incluindo o regresso, agora a metade, do público aos estádios. Mas esta foi a semana de regressos simbólicos , emblemáticos e significantes. O regresso de Cristiano Ronaldo a Manchester e ao United, agora o regresso a um tempo de seleções com vista ao Mundial do Catar e, também, o regresso do Benfica à Liga dos Campeões, à Liga dos milhões. E com três equipas na fase de grupos desta Liga o futebol português tem uma presença na ordem dos dez por cento! O que é bem relevante e significante tendo em conta a dimensão da Liga Portugal!
O regresso do Benfica à Liga dos Campeões merece uma saudação especial. Pelo conjunto de jogos realizados — e foram quatro —, pelas exibições e, acima de tudo, pelo espírito de equipa evidenciado em particular no jogo da passada terça-feira feira nos Países Baixos. Jogando mais de uma hora com dez, o Benfica de Jorge Jesus evidenciou sentido tático e espírito coletivo, vontade comum e uma fé imensa. Sim, como salientou, e bem, Rui Costa no final, foi um jogo épico. E marcante. Como serão acredito os jogos frente ao Bayern e ao Barcelona na fase de grupos. E, em outro sentido, os confrontos decisivos face ao Dínamo Kiev. O que sabemos é que esta equipa e este treinador estão de regresso à Liga dos Campeões. E acreditamos que se tivermos entre cinco e sete pontos na primeira volta da fase de grupos seremos olhados com acrescido respeito e muita admiração pelo mundo do futebol e, naturalmente, pela Europa do futebol. O sorteio de Benfica, e também de Futebol Clube do Porto — que integra aquele que é considerado o grupo da morte! — não suscita responsabilidade. Determina disponibilidade e generosidade. Importa convicção e determinação. Com a certeza, sessenta anos depois da vitória face a um forte Barcelona, que importa acreditar que, sem Messi, o clube de referência da Catalunha pode ser derrotado, desde logo num Estádio da Luz já com cerca de trinta mil adeptos. É o regresso à Liga dos Campeões e é o nosso retorno ás bancadas da nossa Catedral. Este duplo retornamento dá alento à alma e alimenta a paixão. Sabendo todos, e com o ensinamento do Vice-Almirante Gouveia e Melo — um abraço, meu Almirante! —, que temos de criar todas as condições — incluindo com uma massiva vacinação — para derrotar este vírus que muito nos condicionou. Mas agora, e com todas as cautelas e os devidos cuidados, é o regresso à normalidade, em rigor a uma nova normalidade. Como desejo que aconteça nas próximas épocas desportivas com a presença do Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões. Relevante sob o ponto de vista desportivo e importante sob o prisma financeiro. Desde logo para a SAD mas, também, para o clube em vésperas de estruturante período eleitoral.
Vamos viver, acredito, dias loucos até ao final de agosto, em rigor até ao fecho deste período de transferências. Messi em Paris e Cristiano Ronaldo em Manchester eram , há dois meses , notícias falsas. Agora são realidades reais . Um e outro mudam de cidade e de clube. E um, o Cristiano Ronaldo, regressa a um clube onde foi muito feliz. Dirão os ingleses que volta a casa. Diremos nós que regressa ao clube, e à estrutura simbólica, que o projetou e que lhe proporcionou dimensão planetária. Foi a Liga inglesa e o Manchester United, mais o seu profissionalismo e o seu impressionante espírito de conquista, que o tornaram um ícone global. E sempre com Portugal e a sua ilha da Madeira como referência na sua excelência de praticante e de profissional de futebol. Agora é o regresso saudado a Manchester. E com muitos e muitas de nós com vontade de um regresso a um estádio emblemático. Para vermos ao vivo o regresso de CR7 a Manchester e ao clube que, num ápice, o transferiu de Alvalade para Old Traford! Como sempre me recorda, e com toda a legitimidade, o meu Bom Amigo Lazslo Boloni! E sabendo bem que lhe devo um jantar. Que não deixarei de cumprir, pagando. E agora para falarmos do regresso de Cristiano Ronaldo a Manchester!
Agora é pausa nas ligas nacionais e o regresso a um tempo de seleções tendo em vista o acesso ao Mundial do Catar. Onde Cristiano Ronaldo decerto marcará presença. Estes próximos jogos são importantes. Importa conquistar seis pontos e com eles tudo fazer para sermos, no final deste outono, os primeiros do nosso grupo. Acredito que Fernando Santos estará no Catar na liderança de uma equipa em que a sabedoria de Cristiano Ronaldo se conjugará com a ousadia dos novos talentos do futebol português. E, aqui, e como esta convocatória evidencia, com nomes que são referência na nossa Liga, o que não pode deixar de merecer uma nota especial. Quarta-feira no Algarve serão milhares a empurrar a nossa seleção. E seremos milhares a voltar a cantar, a plenos pulmões, e com máscara, o hino de Portugal. Também aqui um duplo regresso! Um retorno que se deseja feliz, acima de tudo em termos desportivos. Rumo ao Mundial do Catar!
No Douro já arrancaram as vindimas. No Dão as uvas ainda se aprumam. No Casablanca, em Viseu, os deliciosos filetes de polvo recordam-me a saudosa Senhora Minha Mãe. Ali, com os meus queridos netos — Alexandre, José e João Maria —, regresso às raízes. É o regresso tal como aos tempos, bem saudosos, em que dei aulas na Universidade Lusíada no Porto. E há sempre regressos. Como ao Café Luso. O Café Luso é um marco na cidade do Porto, um centro aglutinador de saberes, da cultura à arte, da política à gastronomia. Foi ali que muitos se reuniram para à mesa degustarem a sua cozinha ímpar e debaterem as suas ideias inovadoras. E se em «Roma sê Romano», no Café Luso debatemos a ordem do dia, enquanto saboreamos a francesinha e o tornedó com batata alourada e legumes salteaodos à Luso! A terminar a conversa e os sabores, chega-nos uma fatia de bolo de bolacha à Luso. Depois do repasto, temos de chamar à memória as palavras do General Humberto Delgado, que na varanda do Café Luso em maio de 1958, disse: «O meu coração ficará no Porto.» Francesinhas há muitas, mas as do Café Luso são únicas!