‘Ranking’ da UEFA
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‘Ranking’ da UEFA

OPINIÃO12.10.202309:20

Analisar rumos, fundamentar opções, serão necessidades prioritárias, pois tem faltado a coragem de pensar o futuro

As condições para Portugal subir no ranking são cada vez mais difíceis e vamos perdendo essa capacidade.

Após a última jornada das competições europeias só o SC Braga conseguiu conquistar pontos. FC Porto, Benfica e Sporting, apesar de alguns terem conseguido jogo com qualidade, todos perderam pontos, afastando-se da França e dos Países Baixos e agora em luta com a Bélgica. De facto, quantos mais clubes nacionais conquistarem lugar nas competições da UEFA, mais pontos temos de alcançar para podermos não perder espaço em relação ao comboio da frente.

A competitividade revela-nos que só temos um clube na Liga Europa, já nenhum na Liga Conferência e na Champions os resultados não ajudaram. É certo que o peso de Portugal nas arbitragens é uma prova inequívoca da falta de dinâmica da Federação Portuguesa de Futebol e da ausência completa de lutar pelos clubes nacionais, particularmente pelas arbitragens que sistematicamente cometem erros que nos penalizam. De facto, para além da luta interna, temos de valorizar os jogos das competições europeias, com a consciência de que uma vitória de um clube nacional é importante para todos nós. Como exemplo, analisemos a subida da Bélgica que resultou da alteração das competições, fortalecendo os campeonatos internos e tornando a competitividade mais intensa. Certamente que a qualidade das arbitragens são um pilar importante para o rejuvenescimento do futebol belga.

Os eventuais efeitos devastadores que podem prejudicar a venda dos direitos audiovisuais, que vão vai ocorrer em 2028, já deveriam ter sido exercício de modernização e competitividade porque essa data já está à porta e não se fez o trabalho indispensável. Quem tem falhado sucessivamente? Cada vez há mais ligas da UEFA, que permitindo conquistar mais pontos, exigem um reforço económico de importância, valorizando a união nas provas europeias.

Há anos que Portugal não discute a dimensão do quadro competitivo, com argumentos e estratégias para debater, porquanto somente com uma liga muito competitiva se pode garantir qualidade e jogos intensos, com total empenho e não uma clivagem tão grande entre clubes.

A partir do quarto lugar, os outros clubes não conseguem conquistar pontos com equipas estrangeiras, pois a competitividade é muito mais intensa do que a nossa. Para além dos tradicionais clubes portugueses que se alinham pelo meio da tabela, com um ou outro resultado significativo, o resto luta desde o início para evitar descer de divisão.

Analisar rumos, fundamentar opções, serão necessidades prioritárias, pois durante tantos anos tem faltado a coragem de pensar o futuro e ser cada vez mais rigoroso. Caso contrário, o futuro da Liga nacional corre risco de desvalorização e perdas a vários níveis. Estamos convictos que após a próxima eleição para a FPF, será possível debater as ligas com a máxima exigência, para conseguir colocar as equipas nacionais em posições mais adequadas em relação à valia do nosso futebol. Curiosamente, em termos de Seleção, temos um cenário inverso, porque estamos colocados em posição prestigiada, mas com a realidade de, na próxima convocatória para a Seleção, dos 26 jogadores somente 4 jogam em Portugal, nos quatro clubes melhor classificados. Ao longos dos anos, tem faltado uma cultura de crescimento competitivo. A eventual discussão da redução de clubes - alguns analistas sugerem de 18 para 14 -merece uma análise profunda, para permitir espaço para a liga nacional melhor se integrar com as competições europeias, sem acumulação exagerada e permitindo melhorar as oportunidades para alcançar metas importantes e prestigiantes. Uma candidatura a pensar no futuro imediato, sem descurar o presente, merece desde já análise qualificada, ponderada e profunda, para alicerçar um futuro mais exigente e com maiores rendimentos.

Liga Portugal

O Estoril defrontou o Benfica com coragem e organização, chegando mesmo a criar lances de perigo e perto de marcar ao campeão. Noite sem inspiração e sem ligação dos encarnados, enquanto o Estoril teve lances de risco aos quais só faltou eficácia no remate: nos últimos momentos do tempo de compensação, a sorte sorriu ao Benfica no único lance em que o Estoril falhou. A jogar assim o Estoril certamente subirá na classificação.

O SC Braga começou a perder com o Rio Ave, e, em momento de grande confiança e entrega total, deu a volta ao resultado com dois golos de rajada no tempo de compensação. O Farense recebeu o Vizela, mas o marcador ficou a zero.

Moreno, o treinador do Chaves começou a perder por duas vezes, mas o querer e a determinação do clube, decidiu com justiça a partida, com uma vitória merecida perante o Gil Vicente.

O Sporting recebeu o Arouca e apesar da vitória por 2-1 teve momentos em que o Arouca causou alguns sustos.

O FC Porto começou cedo a vencer, manteve pressão e com o tempo abriu espaços nos quais o Portimonense criou algum perigo; lamenta-se a expulsão de David Carmo, perfeitamente dispensável. O Famalicão foi derrotado por um Guimarães muito intenso.

O Moreirense empatou em casa com o Boavista que continua a merecer aplauso e nunca desiste.

A maior surpresa veio do Estrela da Amadora que foi vencer no campo do Casa Pia. Esta jornada foi mais parca em golos e cinco clubes não conseguiram marcar.

Seleção Nacional

Desta vez o nosso selecionador escolheu 26 jogadores - só ficaram 24, porque Raphael Guerreiro e Ricardo Horta foram dispensados por lesão- distribuídos por vários países: Inglaterra, 10; Portugal, 4; Arábia Saudita, 3; França, 3; Espanha, 2; Itália, 1. Em relação a clubes, o Wolverhampton é quem mais atletas integra a convocatória e os quatro portugueses são jogadores dos três clubes melhor classificados. Destaque para a estreia na convocatória do jovem encarnado João Neves, que revela talento para jogar em qualquer modelo.

Momento para reflexão

Um comentador habitual afeto ao Benfica, não teve tempo para ver em diferido o jogo do FC Porto com o Barcelona e foi pena, porque isso impediu conhecermos a sua opinião, mesmo em diferido, porque poderia avaliar a qualidade do jogo dos dragões e a influência do árbitro nesse jogo.

Um lance infeliz de um jogador azul e branco foi determinante para o resultado. Sérgio Conceição, mais uma vez revelou a sua dimensão: «Não estou de acordo quando dizem que temos de levantar a cabeça depois de uma derrota. Nada disso (…) Temos é de baixar a cabeça, olhar para o símbolo que temos ao peito e perceber o que não fizemos bem. Cada um assumindo a responsabilidade e percebendo o que temos de melhorar», e concluiu que o futebol é um jogo de inteligência, que implica uma mentalidade plena de responsabilidade.

O presidente da FPF tem uma obra de crescimento estrutural importante, contudo há um pormenor que tem causado problemas ao nosso futebol. Trata-se das sucessivas injustiças aos clubes e seleções nacionais quando participam nas competições europeias. Os nossos clubes têm sido muito prejudicados por arbitragens inaceitáveis e decisivas. Qual a razão da FPF para não defender com mais garra o nosso jogo, exigindo sanções para árbitros responsáveis por erros e falhas decisivas?

As influências nos resultados por ação dos árbitros, mesmo com o VAR, continuam a ter falhas que adulteram os resultados. Com investimento tão elevado, como é possível errar, de forma tão infeliz: será por incompetência ou outra eventual razão?

Remate final

O analista de vídeo da equipa técnica dos dragões foi atingido num olho com gravidade, durante o clássico de 29 de setembro passado, por um objeto lançado das bancadas onde estavam os adeptos encarnados. Carlos Pintado, assim se chama esse membro do ‘staff’ dos azuis e brancos, já foi sujeito a duas intervenções cirúrgicas, para tentar recuperar completamente a visão. Até quando vamos assistir a estas atitudes que passam sem sanções e colocam em perigo os profissionais durante as suas funções? O futebol nunca se pode perder em momentos de profunda alienação e de riscos, para salvaguarda da integridade de todos os presentes nos estádios.

No râguebi, Portugal fez história ao vencer as Ilhas Fiji e alcançando o 13.º lugar a nível mundial.