Quem é culpado?

OPINIÃO09.11.201803:00

A avaliação que, no geral, se faz dos treinadores é baseada nos resultados dos últimos jogos. Na verdade, uma das grandes ideias cimentadas nos adeptos, e também em muitos profissionais, é a de que futebol é momento. E em grande parte é verdade, a equipa é influenciada pelos resultados mais recentes, e dessa forma os treinadores são avaliados em função desses últimos resultados. Nada de novo.

O que já não é verdade é que os treinadores são melhores ou menos bons por vencerem os últimos jogos ou não. Temos uma série de exemplos em como a avaliação pública é contraditória. Veja-se o rendimento do Santa Clara neste início de campeonato, como também o do Moreirense, e ficamos agradados com as suas prestações. O que têm em comum com as duas equipas que desceram de divisão, na última jornada, no principal campeonato da época passada, Paços de Ferreira e Estoril? A resposta é fácil, os treinadores.

Podiam ter descido estas equipas como qualquer uma das outras três que estavam nessa disputa. E esta época os treinadores das equipas que estão nos últimos lugares não tiveram sucesso na anterior? Claro que tiveram. Um venceu a Taça de Portugal, outro subiu de divisão, e o terceiro lutou pelo acesso aos lugares europeus. Em quatro meses muita coisa se alterou, mas é impossível algum treinador ter evoluído tanto em tão pouco tempo, ou o inverso. 

O mesmo se passa com os clubes de maior dimensão e com os seus treinadores. Passamos de bestiais a bestas em muito pouco tempo, melhor dizendo, com os últimos resultados. O que vale é que já estamos habituados a estas avaliações. O treinador na derrota é um homem só, na vitória está por norma bem acompanhado. Faz parte da profissão, dirão alguns. Na verdade faz parte da nossa cultura desportiva, ou da falta dela. O rendimento de uma equipa não depende de uma única pessoa, por muito competente que seja. Contudo, na adversidade, o treinador é quem se torna o culpado e é substituído. Mas na maioria dos casos a prestação da equipa não melhora!