Quando a coroa pesa

OPINIÃO02.12.202205:30

Varandas preferiu reforçar a aposta de risco na imagem positiva atual de Amorim

V ARANDAS começa a dar mostras da típica estratégia no futebol. São-lhe conferidos pontos pelo braço de ferro que mantém frente aos grupos organizados de adeptos e os 85,8% de votos a seu favor nas eleições legitimaram-lhe a procura da estabilidade que lhe havia sido trazida, pensara ele, pelo título da época 2020/2021. Não obstante os frutos que Amorim lhe colheu e depois de ter permitido demasiado palco a este, Varandas decidiu renovar com o treinador até 2026. Aposta esta numa altura em que os desempenhos desportivos de treinador e equipa principais se encontram muito abaixo do exigível para início de época. A renovação que surgiu do nada aliada às estranhas considerações de Amorim na antevisão do jogo com o Casa Pia em outubro levam-nos a pensar que se pode tratar de decisão de risco ao mesmo tempo que reveste uma vertente política caseira de Varandas tentar manter a sua popularidade enquanto presidente. Porque Amorim é ainda (mas menos) popular e Varandas (ainda) não tanto. Varandas preferiu reforçar a aposta de risco na imagem atual positiva que os sócios vão mantendo de Amorim em detrimento de uma das regras de ouro na gestão desportiva: ninguém está acima da instituição. Varandas deve sacar a sua aposta de €10 M acrescido de IVA e mais 155 mil em juros? Não, mas podia aguentar. O timing é tudo no futebol e a hora da reestruturação forçada surge quando menos se espera por mais acertada que seja, hoje, a visão para 2026. O histórico recente da gestão direta do plantel e daqueles que estão acima de Amorim na hierarquia lançam sementes. No futebol, vai-se do céu ao inferno rapidamente e Lage é disso exemplo: seis meses bastaram para renovar e ser despedido. Amorim aventou 3 hipóteses: alguém paga €30M por ele, vai para casa descansar ou é despedido por não obter resultados (garantindo que não receberá o salário total do contrato). E se for despedido sem justa causa? Não cobra?