A hipótese da liga norte-americana vir a organizar uma competição na Europa começa a dar passos cada vez mais certos e irá fazer concorrência à EuroLiga, onde existe descontentamento de vários clubes. O objetivo é fazer crescer o negócio do basquetebol no Velho Continente e acabar com clubes que dão prejuízo, a grande maioria se não tiverem apoios do futebol, das cidades ou do Estado. Donos de equipas da NBA a quererem entrar no plano europeu, alguns já têm investimentos em clubes de futebol.
NBA tem intenção de criar um campeonato no velho continente. O tema não é novo, escrevi aqui sobre ele no verão, e os próprios responsáveis da Liga não o escondem e comentam-no regularmente, com maior ou menor profundidade.
A diferença é que, entretanto, tal poderá estar mais perto de ser realidade e a Liga já não andará muito ralada com o que divide Euroliga e FIBA, pois a má relação entre os dois organismos mantém-se praticamente desde que a primeira passou a existir em 2000/01 e levou os principais clubes da Liga dos Campeões.
A NBA acredita que o modelo competitivo na Europa pode ser alterado para que isso traga ainda mais emoção, público, oportunidades e lucros. Sem ter clubes a perder dinheiro todas as épocas como acontece, impensável para os donos das equipas norte-americanas. Afinal, vários estão interessados em investir na Europa, como já fazem em clubes de futebol de que são donos ou coproprietários.
Mas têm noção de que a paixão clubística europeia, mesmo no basquetebol, é diferente e que isso também será importante para o sucesso do negócio, que deverá entrar em concorrência direta com a EuroLiga.
Dificilmente a FIBA, com quem têm tido regulares conversações, será totalmente afastada. Ela é parceira na BAL (Basketball Africa League), criada pela NBA em 2019 e lançada em 2021, envolvendo as principais formações africanas.
Mas essa aproximação também poderia ajudar noutro aspeto: evitar que as federações nacionais ou ligas profissionais ameaçassem os clubes dos seus países em proibi-los de competir internamente, como aconteceu no futebol com a Superliga Europeia, e que os jogadores destes não fossem às seleções. Algo que para um basquetebolista europeu, habituado a representar o país desde jovem, tem um peso maior do que para um norte-americano.
Numa recente conferência em que tive oportunidade de participar, Mark Tatum, deputy commissioner da NBA, vice-presidente mas responsável pelas operações comerciais e relações internacionais, quando questionado acerca deste assunto referiu que, podendo o basquetebol ser a segunda modalidade na Europa, e acreditando haver grande margem de crescimento, é mau quando se olha para as hipóteses comerciais existentes e se vê que são menos de um por cento do mercado comercial.
Presidente do Comité Olímpico considerou que o nadador Diogo Ribeiro, que considera ser de excelência e eleição, «tem alguns pequenos pormenores que devem ser afinados» e há um acompanhamento a ser feito. Mas até sabe que quando foi, duas vezes, campeão do mundo apenas o foi porque havia outros que estavam mais focados nos Jogos, para os quais ia para tentar chegar à final. Pelos vistos foi o único a falhar em Paris 2024. O que lhe vale é que há quem o continue a fazer.
«Por isso pensamos haver uma oportunidade de existir um melhor modelo para o basquetebol europeu, mas não existe nenhum prazo», salientou.
Assim, este poderá ser o momento ideal para avançar. Afinal vários clubes da EuroLiga terão, brevemente, de renovar contratos com aquela competição. A expectativa é saber quantos colossos do basquete europeu estarão dispostos a mudar-se para o novo projeto, quantos novos clubes surgirão de investidores, e quais serão as reações nacionais.
Mas que tudo pode acontecer em breve parece inevitável, sobretudo após a NBA ter arrumado a multimilionária venda dos direitos de transmissão e saber que terá paz e receitas nos próximos anos.