Preto no branco, para que fique claro
Pedro Proença (IMAGO)
Foto: IMAGO

Preto no branco, para que fique claro

OPINIÃO25.06.202413:00

A candidatar-se, Pedro Proença seria, de longe, a figura mais qualificada para agarrar o desafio que é a presidência da FPF

O artigo de hoje foi escrito por alguém que serviu a arbitragem ao longo de 25 anos e que continua a fazê-lo indiretamente até aos dias de hoje. Foi escrito por alguém que construiu carreira nessa casa, tendo o privilégio de estar presente em várias finais nacionais e internacionais. Mas o artigo de hoje foi sobretudo escrito por alguém que não será - repito, não será - candidato ao que quer que seja no futebol português. É por isso uma opinião pessoal e totalmente desinteressada.

Daqui a alguns meses haverá eleições na Federação Portuguesa de Futebol. É estatutariamente garantido que o Dr. Fernando Gomes não se irá recandidatar. Haverá uma nova equipa, que trará novas metodologias e outras dinâmicas. Melhores, piores? Só o tempo o dirá.

Até à data, não há candidatos oficiais. Há movimentações informais, mas ninguém assumiu publicamente estar na corrida.

Surgiram vários nomes na imprensa: Pedro Proença (presidente da Liga Portugal), Nuno Lobo (presidente da Associação de Futebol de Lisboa), Luís Figo (antigo futebolista internacional português) e Rui Moreira (presidente da Câmara Municipal do Porto). Veremos se algum deles, nenhum ou qualquer outro avançará na intenção.

Além desses foi tornado público (pelo próprio) que Fontelas Gomes não descura a possibilidade de uma candidatura, embora não tenha deixado claro a que cargo. Recorde-se que o atual presidente do Conselho de Arbitragem pode manter-se em funções no cargo mais quatro anos.

Essas pretensões (e as que entretanto vierem a surgir) são legítimas e só provam a vitalidade e interesse que a gestão do futebol em Portugal suscita. É muito bom que assim seja.

Da minha parte e porque gosto de pontos nos is, fica a opinião sobre o tema:

- A candidatar-se, Pedro Proença seria, de longe, a figura mais qualificada para agarrar o desafio que é a presidência da FPF. Digo-o por várias razões: porque conheço bem a forma como trabalha, planeia e executa, porque sou testemunha do rigor e exigência que coloca em tudo o que faz, porque sei que é um perfecionista incurável, alguém que nunca se conforma com menos que a excelência sobretudo perante grandes desafios, porque tem granjeado experiência internacional ao mais alto nível (é atualmente presidente da Associação das Ligas Europeias e membro do Comité Executivo da UEFA), porque teve carreira brilhante na arbitragem (foi o melhor do Mundo em 2012) e porque soma a esse extraordinário currículo desportivo uma licenciatura em gestão e um tremendo know-how que adquiriu na Liga Portugal (que apanhou em situação dificílima). Não é perfeito - ninguém o é - mas é muito competente e seria fortíssimo candidato. Não tenho dúvidas disso.

- A outro nível, o atual presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves (cujas pretensões pessoais/profissionais desconheço por completo), seria um excelente candidato a presidente do Conselho de Arbitragem. Tal como José Luís Tavares, Luís Guilherme ou o próprio Fontelas Gomes, faria o mesmo percurso daqueles, após traquejo adquirido enquanto dirigente daquela associação. Mas o que realmente lhe reconheço é mérito na forma como tornou a nossa classe maior, mais forte e mais sólida. O antes e o depois são dia e noite. O Luciano, que é um homem sério e de caráter, é um trabalhador incansável que vive e respira arbitragem vinte e quatro horas por dia. Tem agora experiência acumulada, conhece bem o meio e tudo o que o rodeia, tem visão a médio/longo prazo e, mais importante, soube granjear a admiração e respeito da maioria dos árbitros. Se decidisse avançar, seria um opção de peso.

Não voto nem tenho essa pretensão, mas isso não me retira o direito à opinião nem me impede de me expressar em relação a temas que me são muito próximos. Fica a posição assumida, na primeira pessoa, para memória futura. De nins está o inferno cheio.