Porcelanas e LFV
Nem o betão resiste à palavra; João Félix para qualquer filme; os adeptos e os milhões
1. Nas eleições mais concorridas da história do Benfica, a entrada em cena de Luís Filipe Vieira no dia da votação - após silêncio que se prolongava desde que fora admoestado com cartão vermelho na operação conduzida pelo Ministério Público que redundou no fim de um ciclo no clube da Luz - fez lembrar a de um elefante numa loja de porcelanas. Ninguém pode apagar a obra do antigo presidente, mas nem o betão resiste à erosão das declarações infelizes - para usar um eufemismo - de LFV enquanto os consócios exerciam o direito de voto. «Democracia a mais neste clube faz mal» ou «quem for à casa de banho terá de lembrar-se de mim», eis duas das pérolas. Ao longo do processo eleitoral que conduziu Rui Costa à cadeira de sonho em que sempre sonhou sentar-se, o antigo internacional português não se cansou de apelar à união do universo benfiquista. Veremos se não será o antecessor, na ânsia de dar razão a Mark Twain quando este disse que as notícias sobre a própria morte eram francamente exageradas, o principal foco de desunião na orquestra que o maestro dirigirá a partir de agora.
2. João Félix diz que há de estar na luta com Mbappé e Haaland na linha de sucessão a CR7 e Messi. O português reconhece que ainda não alcançou o melhor nível e lamenta que o trajeto no Atl. Madrid - lembrar que Simeone potenciou a veia goleadora de Diego Costa, Griezmann, Suárez... - esteja a ser marcado por lesões. O primeiro passo para chegar ao topo talvez seja perceber que é nos colchoneros, sob a ideia de jogo do argentino, que terá de impor-se, mesmo bombardeado por lamentos de que o ideal seria contracenar com técnicos de outro perfil. Félix tem argumentos para ser protagonista em qualquer género de filme, seja qual for o realizador.
3. Milhões made in Arábia Saudita para jogadores ou respeito pelos direitos humanos? Os adeptos do Newcastle optaram pela primeira via - suspeito que não sejam os únicos.