Politiquices no futebol!
JÁ se sabe que política e futebol não se devem misturar. Mas é difícil, sendo certo que, pelo meio desta conversa, devem ser considerados vários níveis de promiscuidade e descuido. É aqui que nos realizamos do perigo desta conversa ir desaguar nos códigos de conduta e de ética cujas sanções consistem, na sua maioria, em reprimendas sem efeito penalizador real. Talvez exceção seja feita à FIFA pois reforçou o seu código de ética após aquela que continua a ser uma experiência escandalosa ao continuar-se a assistir a um número considerável de executivos e altas patentes a serem banidos do futebol e a terem que pagar avultadas multas.
O próprio presidente Infantino, até recentemente, encontrava-se no olho do furacão. Mas lá se livrou com um arquivamento da investigação que o indiciava por abuso de cargo público, quebra de sigilo, assistência e incitamento a infratores por não ter declarado oficialmente a existência de reuniões informais que manteve com o procurador-geral suíço Michael Lauber. É disto que o futebol não se consegue livrar: das politiquices.
Numa altura de campanhas eleitorais, como é o caso deste mês benfiquista, começa-se a perder a conta aos casos espirituosos. Veja-se os nomes de Eriksson e Vilarinho invocados por três das listas que irão a sufrágio. Ao ex-treinador ter-lhe-á sido oferecido o cargo de diretor desportivo pela lista de Bruno Costa Carvalho mas o sueco também integrou, aparentemente, a comissão de honra da lista do atual presidente. Já Vilarinho vê-se conotado, por um lado, com uma futura presidência à Comissão de Ética e Boas Práticas da lista de Noronha Lopes (órgão a criar para reformular Estatutos e analisar práticas de governação do clube) e, por outro lado, com a presidência do Conselho Estratégico do Benfica caso Vieira seja reconduzido. Ninguém se recorda da constituição de um Conselho Estratégico no clube da Luz mas lá está previsto nos artigos 71.º e 72.º dos seus Estatutos. Politiquices em época de votos.