Páre, escute e... olhe!

OPINIÃO28.07.202306:30

Um olhar sobre estas últimas apresentações de Benfica, FC Porto e Sporting

EMBORA para inglês ver, as equipas do futebol português enxameiam os algarves e tudo que possa chamar a atenção do público doméstico e da diáspora, tal com os imensos estrangeiros turistas, já que possuem muitos seus compatriotas a embolsarem os euros lusitanos. Benfica, Sporting e FC Porto mostraram o quanto prometem para os próximos tempos, por cá e lá por fora.

Os benfiquistas a viverem um momento de euforia, com elogios de todos os sectores; o Sporting a procurar levantar o moral dos seus apaniguados; o FC Porto a querer dizer bem alto que está aí para as curvas da discussão dos títulos...

Mas uns pensam e conseguem concretizar os desejos, enquanto outros enfiam a carapuça da desilusão, quando estavam à espera de aumentarem o pecúlio de elogios.

A maior nota negativa veio dos comandados dos austero alemão Roger Schmidt, que tem vindo a preparar um novo Benfica e para que tal aconteça o presidente Rui Costa não tem regateado esforços e reforços. E a equipa vinha a corresponder, acendendo fogueiras de esperança, através da chamada geral do benfiquismo que já estava em alta com a conquista do titulo de campeão.

Mas o onze capitaneado por João Mário surgiu no Restelo com o rei na barriga, pretendendo submeter os ingleses do Burnley, que este ano subiu à élite do futebol britânico, mas a verdade é que a altivez encarnada, fervendo de euforia, não teve a bola para jogar e quando a teve não beneficiou das carícias que vinha revelando nos jogos anteriores, antes deparou com um estranho nervoso e viu que aqueles que já tocaram no oitenta pareciam agora num magro oito, tudo nas barbas do mister alemão.

O turco Kokçu com perda da batuta; um defesa esquerdo Jurásek que fez recordar a cada toque a saudade pelo espanhol Grimaldo, que partiu, valendo (a única nota positiva) a postura de Ristic que demonstrou que não era necessário ir tão longe e pagar por um Jurásek que em dois ou três jogos e outros tantos treinos parece já não poder com uma gata pelo rabo.

Não se compreendeu o deixar ficar no banco o jovem João Neves, o pequeno-grande herói da conquista do título, menino-homenzarrão no meio campo, em contraste com o mortiço turco, não se percebendo Schmidt ao colocar o jovem algarvio, no segundo tempo, a defesa direito. Não terá sido certamente para o estimular...

Di Maria também acabaria por ser discreto no meio daqueles peitos enfunados, mas esquecidos, que tinham de jogar futebol. Gonçalo Ramos, o badalado homem golo, que se diz estar na Bolsa de Valores com alta cotação, cá para nós, embora agora mero espectador, ainda não vimos no aguerrido avançado os requisitos para ser um goleador da Europa.

Os pés maravilhosos de David Neres não passaram de marionetas, em dribles constantes, no meio daquela confusão de intenções dos seus companheiros. Mas o que mais afligiu o mais independente dos espectadores foi a tristeza de se ver o Benfica ter apenas... um guarda-redes.

O seu actual substituo, o jovem Samuel, tem algum jeito, mas ainda não tem brevet para voar com uma equipa que quer ganhar, pelo menos, quase tudo. E se Rui Costa não fôr ao bolso buscar dinheiro para contratar um guarda-redes que dê confiança à equipa e desconfiança ao guardião Vlachodimos pela concorrência, como diz o povo, adeus viola. Os adversários a sério dos encarnados não hesitarão em procurar beneficiar dos cuidados para que Schmidt perca a colaboração do grego, pois uma lesão ou discussão podem determinar que a equipa passe a jogar com…dez.

Conclusão, tal como já vi escrito, Roger Scmidt terá de fazer uns dias de gelo naquelas cabeças para que esfriem e voltem à normalidade. E, também, o técnico alemão terá de fazer o seu mea culpa porque lhe tem faltado alguma inspiração.


SINTOMAS DE AZIA

Quanto ao FC Porto, ávido de vencer para mostrar aos seus adversários que na próxima época é para ganhar tudo, como o capitão Pepe não se cansa de ecoar, no estádio algarvio de Lagoa defrontou - e perdeu - frente à equipa inglesa do Wolverhampton, dirigida por Lopetegui que já treinou os dragões.

E a que foi a mais portuguesa equipa do principal campeonato inglês, apresentou-se com as naturais cautelas, sabendo trocar a bola e só incomodando Diogo Costa, lá de vez em quando, enquanto os portistas denunciavam algum incómodo com o comportamento do futebol bem definido no passe do seu antagonista.

O Wolves fez um golo e chegou para ganhar, perante dragões sem chama, desinspirados no ataque, medíocres no meio campo, valendo a velhice de Pepe e Marcano.

O FC Porto vale muito mais do que mostrou na despedida do Algarve. E, caro Sérgio Conceição, cada vez é mais evidente que a presença do brasileiro Pepê a lateral direito é um desperdício, pois ele faz muita falta mais adiantado no relvado....

É preciso gente da raíz para os flancos da defesa, enquanto na frente para o disparo ao golo há crise de abundância de rematadores.

A chegada do espanhol Nico González e do argentino Varela poderá colmatar a deficiente inspiração do meio-campo, onde só Otávio dá cartas.

É preciso melhorar porque, nas hostes portistas, ninguém quer que Conceição tenha azia. Faz falta um FC Porto saudável para ser natural sério candidato a ganhar tudo, parafraseando o cada vez mais jovem Pepe. 


RÚBEN AMORIM FOI AOS LIVROS…

O estudioso e competente técnico leonino Rúben Amorim, deve ter gastado grande parte das suas férias a rever apontamentos tácticos e reacções comportamentais humanas, e apresentou um leão forte frente à renomado Real Sociedad, que tem vindo a fazer um trabalho interessante, classificando-se para a Champions.

Pois o conjunto leonino deixou os adeptos da sua equipa a salivar para futuras actuações. Um novo Sporting subiu ao relvado algarvio e com a novidade sueca do ponta de lança Gyokeres, que até se estreou a marcar e, sobretudo a deixar certezas que, desta vez, o leão abocanhou uma presa de grande sabor, abrindo o apetite para uma época de mesa farta de Alvalade.

É o que se pressente desta apresenção frente aos espanhóis e ao rotundo 3-0 com que o leão os aviou... A dinâmica apresentada, saída dos canhanhos de Amorim, elevaram ainda mais o comportamento de Pedro Gonçalves, um verdeiro pote de ouro.

Benfica e FC Porto estarão em recolhimento, fazendo contas à vida, enquanto o Sporting encheu o peito de ar. Mas cuidado, a bola é redonda e às vezes foge da baliza mesmo  quando já se grita golo…