Os patrocínios que não temos
Foi na Folha de São Paulo que li um artigo interessante: como os patrocínios nas camisolas de clubes de futebol representam a evolução da economia do Brasil. Resumindo, o jornal conclui que as empresas de serviços foram substituídas nos últimos 20 anos por empresas ligadas à banca e à área financeira, com incidência nos últimos tempos para as FinTech (empresas de serviços financeiros que usam a mais recente tecnologia para o utilizador).
Isto levou-me a ver o que existe em dois países: Espanha (pela proximidade geográfica) e Holanda (por ter um campeonato semelhante ao português). Em Espanha, salta à vista a dimensão internacional: 11 multinacionais, quer tecnológicas (apostas on-line e compras on-line), combustíveis, turismo e uma companhia aérea - a maioria dos restantes patrocinadores pertencem à banca e a empresas altamente exportadoras.
Vamos à Holanda: nove empresas de tecnologia (plataformas de venda de roupa on-line, IT, data science), empresas ligadas à energia, logística, cuidados de saúde e uma de limpeza. E o que temos nas equipas da Liga? Uma companhia aérea multinacional, duas empresas de comunicações (uma delas repetida em três clubes), um banco (repetido em dois clubes), uma marca de automóveis (repetido em dois clubes), uma empresa de eventos japonesa, cinco empresas/instituições locais e três clubes sem patrocínio. E como era em 1989? Dois clubes sem patrocínio, quatro clubes apoiados por entidades públicas, uma empresa multinacional (repetida em dois clubes), duas empresas de dimensão nacional e seis empresas locais.
Conclusão: não melhorámos muito em 30 anos e estamos longe do padrão de excelência europeu. Por um lado há muitas empresas descapitalizadas e os novos e velhos Ronaldos da economia (os exportadores) fogem do nosso futebol. Porque será?