HISTÓRIA A BOLA Primeiro adversário de Amorim assume: «Hoje é uma inspiração»
Gabriel Silva era adjunto de Nuno Manta do Desportivo das Aves na estreia de Rúben Amorim no comando dos leões. As mudanças e as transformações do primeiro para o último jogo. Esteve num estágio com Carlo Ancelotti e assume a A BOLA: «A gestão é muito semelhante à de Rúben Amorim»
8 de março de 2020 e 10 de novembro de 2024. O início e o fim da era Rúben Amorim no comando dos leões. A despedida será na noite deste domingo e para trás fica um longo e marcante percurso, marcado pela desconfiança, numa fase inicial e pela consagração de um dos treinadores mais marcantes do futebol português. Interessa, por isso, recuar ao ponto de partida. A essa complicada estreia de Amorim, em Alvalade, diante do Aves, um jogo marcado por uma vitória de 2-0, com golos de Vietto e Sporar.
O jogo 1 onde esteve Gabriel Silva, treinador de 31 anos, na altura como adjunto de Nuno Manta Santos nos avenses. Em conversa com A BOLA, o treinador lembrou esses primeiros minutos do leão que este domingo se despede da Liga.
«Fizemos o primeiro jogo dele, no Desportivo das Aves, e o ambiente que se sentia no estádio era completamente diferente daquele que se sentiu no último jogo com o Manchester City. Notava-se uma enorme expetativa, muita intranquilidade, e até acabou por ser um jogo feliz para o Sporting uma vez que tivemos duas expulsões nos primeiros 20 minutos e isso acabou por facilitar, mas mesmo assim os golos só surgiram na segunda parte e havia muita tensão no ar, uma atmosfera que não era propícia para a equipa e agora é completamente o oposto», começou por dizer Gabriel Silva, que recordou a fórmula como foi estudado o leão de Amorim.
«Tínhamos poucas bases, apenas a marca deixada em Braga, mas sabíamos a questão dos três centrais, que seria uma equipa que ia querer assumir jogo com bola, a ter iniciativa, aquilo que se verificou ao longo do tempo. Muita largura, jogadores entrelinhas, para criar dúvidas no timing de pressão e com o tempo encontrou melhores jogadores para reforçar esse sistema», disse.
Os ecos das bancadas de Alvalade eram negativos e com um alvo bem identificado na altura:
«Coincidiu com os protestos que haviam com o presidente Frederico Varandas que, curiosamente, acabou por ser um dos maiores responsáveis por este sucesso. Pois conseguiu reunir pessoas que conseguiram consolidar o projeto.»
Na forma de comunicar haverá sempre um antes e depois de Amorim. Tive a possibilidade fazer estágio com Carlo Ancelotti no Nápoles e a gestão de grupo, a forma como geria, parecia muito similar aquela que Amorim conseguiu impor em Alvalade
De adversário, Rúben Amorim transformou-se numa referência. Um nome que está no topo dos melhores treinadores portugueses.
«Sim… sem dúvida. Rúben Amorim é um dos treinadores portugueses com mais sucesso na atualidade. Está, no meu entender, ao nível de José Mourinho e Abel Ferreira, nesse patamar, no top-3. É uma inspiração para jovens treinadores, pelo que conseguiu, o discurso e uma liderança com que me identifico. Não é fácil haver treinadores com essa humildade e marcou uma era nesse aspeto. Na forma de comunicar haverá sempre um antes e depois de Amorim. Tive a possibilidade fazer estágio com Carlo Ancelotti no Nápoles e a gestão de grupo, a forma como geria, parecia muito similar aquela que Amorim conseguiu impor em Alvalade», identificou, acreditando, agora, no sucesso fora de portas, no Man. United.
«Vai encontrar uma equipa como estava o Sporting. O próprio já referiu isso. O facto de ir para clube que está mal é uma oportunidade. Assim lhe deem tempo, pois leva pessoas da confiança e se tiver tempo fará o que fez no Sporting. Vai acabar por ter sucesso», desejou.