Os defesas de Pep Guardiola

OPINIÃO28.09.202004:00

OS treinadores nunca estão satisfeitos. É assim com Jurgen Klopp, Pep Guardiola, José Mourinho, Sérgio Conceição, Jorge Jesus ou Rúben Amorim. Se têm carapau de gato, querem robalo. Se têm robalo, querem salmão. Se têm salmão, querem salmonete. Se têm um, querem dois. A satisfação dos seus pedidos depende, depois, da carteira de cada clube. Klopp, Mourinho, Conceição, Jesus e Amorim, quando pegam na lista, não podem pedir tudo. O alemão do Liverpool até tem andado a comer bem (Mané, Salah, Fabinho, Chamberlain, Alisson, Virgil, Keita, Thiago e Jota: 400 milhões), mas já se alimentou de carapaus da véspera.

GUARDIOLA, não. O espanhol só come nos melhores restaurantes. Pede o que quer e o patrão paga. Vai para a quinta temporada no Manchester City do Sheikh Mansour, cuja fortuna está avaliada em 19 biliões de euros (se tem dificuldade em visualizar quanto é, coloque um 19 seguido por 9 zeros). De 2016/2017 a 2019/2020, Pep Guardiola contratou jogadores no valor aproximado de 687 milhões de euros. Muito? Para o bolso de Mansour, não: apenas 3,6 por cento da sua fortuna. Mas é uma enormidade. São 171 milhões por ano. Impressionante ainda é vermos que o Manchester City, sob a liderança de Guardiola, gastou cerca de 490 milhões de euros (já com Rúben Dias) em defesas e guarda-redes. Ou seja, 70 por cento do investimento desde 2016 foi para defender a própria baliza: João Cancelo, Laporte, Rúben Dias, Mendy, John Stones, Kyle Walker e Ederson como mais caros. E só por uma vez (2017/2018) o City teve a melhor defesa da Premier League. Dá que pensar. Tal como podemos meditar sobre a possibilidade de alguma equipa fora do top-5 de ligas europeias ganhar, nos próximos tempos, a Liga dos Campeões. É quase como a fortuna do Sheikh Mansour só que ao contrário: um zero e uma vírgula seguidos por 19 zeros.

A propósito de fortunas. O Manchester United, liderado financeiramente pela família Glazer, gastou 115 milhões de euros na atual dupla de centrais titular: 35 milhões em Viktor Lindelof e  80 milhões em Harry Maguire. E, defensivamente, a equipa é uma tragédia em meia dúzia de atos. O  rendimento do sueco prova que ele está longe de poder ser titular num candidato a vencer a Premier League, mas a qualidade do inglês chega a ser patética. Deve haver um erro nos números da transferência. Ou o United pagou 80 mil euros ao Leicester ou então os 80 milhões são a cláusula de rescisão. E mesmo assim é muito. Se Maguire vale 80, Rúben Dias vale 800. Mais Otamendi, claro.