Oportunismo guerreiro

João Moutinho e muitos dos portistas mais inflamados deveriam colocar água na fervura e, com tranquilidade, nunca perder o diálogo

JOÃO MOUTINHO, uma das referências do FC Porto, partiu há anos para a Premier League, deixando saudades e o reconhecimento dos adeptos. Com uma carreira excelente, incluindo a nossa Seleção, por onde passou o médio deixou saudades, muita admiração e reconhecimento. Atualmente, a comunicação social fez primeiras páginas com o seu eventual regresso aos azuis e brancos, mas houve alguma confusão no Universo Porto, incluindo na SAD. Inesperadamente, Moutinho surgiu nas primeiras páginas com a camisola do Braga e alguns remoques indiretos pela espera da decisão dos dragões. 

As grandes relações nunca devem sair para as capas porquanto assim se separam amizades que deveriam ser mantidas, independentemente das opções. Claro que os adversários diretos do FC Porto aproveitaram (através dos acérrimos criadores de conflitos) e deram uma bicada nos dragões, para mais em tempo de preparação de eleições. Moutinho e muitos dos portistas mais inflamados deveriam colocar água na fervura e, com tranquilidade, nunca perder o diálogo. O desencontro circunstancial poderia ter sido evitado com diálogo de amizade, sem beliscar a sensibilidade de alguém: situação evitável porque há muita história do clube com o atleta, que nunca pode ser esquecida. De imediato, foram divulgadas afirmações que, com a tranquilidade da experiência, nunca deveriam atingir esse ponto de aparente rutura que tanto alimenta e destrói o futebol.

Moutinho é o centro, assim como sempre foi um fantástico pensador no relvado, porque possui uma carreira de excelência com as cores dos dragões. As carpideiras, assim como os caçadores de fisgas, nunca desaproveitam oportunidades para lançar a pedra e esconder a mão. O João Moutinho também poderia decidir, com os seus 36 anos, com a racionalidade que sempre o caracterizou, em função dos contextos que se criaram. Situação a merecer esclarecimento posterior em privado para se manter o que é muito valioso: a amizade!

Convém não esquecer que o FC Porto está a viver um período de eleições, o que deveria merecer reflexão e contactos diretos nunca divulgados. Respeitar ambas as artes, numa relação que fica sempre para a história do clube e do futebol, merecia um clima de amizade e compreensão, com os objetivos em cima da mesa. Certamente que o atleta vai dar o máximo, com a sua enorme cultura tática, e os bracarenses assim como os portistas, apesar da diferença de cor das camisolas saberão ambos respeitá-lo devidamente.

O tempo acaba sempre por unir o que os caçadores de notícias pretendem manchar com ódios. Será sempre impossível que o tempo, como grande autor de futuros, nunca esqueça as amizades que não se podem martirizar. Um treinador que seja respeitado e admirado pelos seus jogadores e respetivos staffs tem de ser sempre o primeiro a saber e a decidir as escolhas em função de vários critérios exigentes. Sabemos que há outros treinadores que mudaram de articulação de forma completamente diferente e que até aceitam jogadores insatisfeitos! O FC Porto mantém a mesma imagem para dentro e para fora, com base numa liderança forte que tem de ser coerente e competente e isso é o que os azuis e brancos possuem. Afinal, há treinadores iguais a muitos, exceto os que são diferentes por coerência e independência. Há quem comenta publicamente o que nunca deve sair do grupo/clube, para poder defender todos e resolver internamente as questões, sem criar problemas a ninguém. Por isso, ficamos a saber que, ao contrário dos elogios da Comunicação Social, há treinadores demasiado egocêntricos e sem dimensão para gerir profissionais de elevada competição. No Dragão o foco é jogar para vencer, outros preferem jogar para vender.

O DESEJADO 

SÉRGIO CONCEIÇÃO iniciou este campeonato com uma garra cada vez mais intensa, com três vitórias muito suadas, com um coletivo muito unido e sempre na luta pelos títulos, com visão focada no máximo, conseguindo alguns reforços de grande qualidade para compensar a saída de Otávio (cujos adeptos portistas souberam aplaudir devidamente). 

Mesmo na fase final da janela de transferências, quer o treinador, o clube e essencialmente o atleta, acordaram a decisão que todas as partes ansiavam pelo Iván Jaime como dragão, com o acordo final de verbas com o Famalicão. Trata-se do desejo de ambas as partes, para preencher uma posição que é determinante para um FC Porto muito mais forte. O médio Varela já esteve no banco para se adaptar às rotinas da equipa e colmatar a saída de Uribe. Também se aguarda a eventual negociação para o Milan conseguir contratar Taremi e outros clubes europeus a tentarem levar Borges e Zaidu.

Os azuis e brancos, como sempre liderados pelo treinador, vão apresentar uma equipa com raça, qualidade, entrega e intensidade, que caracteriza o clube e as dinâmicas de Conceição. Curiosamente, Sérgio procura sempre que tudo se consiga com eficácia e mérito, nunca caindo nas argumentações públicas e críticas aos seus jogadores vindas dos seus adversários, que deixam uma argumentação de falta de liderança e de culpabilização individual de quem falha. Afinal, o perfil de grande dimensão anunciado é o normal de todas as épocas nas camisolas azuis e brancas. Recordemos que o FC Porto, mesmo a perder em Vila do Conde, no tempo de compensação, conseguiu inverter um resultado desfavorável para uma vitória de 2-1. A raça que caracteriza o clube, está na forma como se entregam ao jogo, sempre perseguindo a vitória até ao último segundo.

HOMENAGEM E RECANDIDATURA 

AComissão de Apoio à Recandidatura de Pinto da Costa à Presidência do FC Porto homenageou, no relvado do Estádio do Dragão, o treinador Sérgio Conceição, que deixou a mensagem: «A devida homenagem devia ser feita a ele, ao presidente, pois foi ele que apostou em mim. Ele quer, como eu, ganhar, ganhar e ganhar (…) Espero estar aqui daqui a um ano com campeonato ganho.» 

Foram várias as personagens que declararam publicamente esse apoio. Além da imensa obra feita, todos valorizam a importância dessa recandidatura, que possibilita a manutenção de uma dinâmica crescente para o clube, a cidade, a região e o País. Sempre sem parar, chegou o momento da construção da Academia, nas Terras da Maia, apostando forte no crescimento sustentado. O presidente Pinto da Costa e Sérgio Conceição ultrapassam recordes de vitórias, colocam o nome do clube no mundo, como exemplo de crescimento. A viúva de José Maria Pedroto afirmou que «Sérgio é um ser humano de excelência… No plano desportivo é o melhor treinador da atualidade, ama o clube e faz milagres com o plantel que dispõe» e Sérgio respondeu: «Ser comparado com o Mestre Pedroto é uma honra.»

DUPLA DE SUCESSO 

Opresidente Pinto da Costa, ao longo dos tempos, revela a persistência para criar um FC Porto cada vez maior. Enfrentando desafios, supera adversidades, querendo sempre mais, para tornar possível o impossível. Sérgio Conceição, com idêntica determinação, é um perfeccionista que com intensa paixão nunca se deixa abater, antes se reforça sempre e, como afirmou o saudoso José Maria Pedroto «não se abala diante da estupidez, mas luta sempre pelas convicções e objetivos». Ambos desafiam convenções limitadas, lutando pelos ideais e valores, enfrentando o que parece impossível.

REMATE FINAL 

As cenas do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol são, no mínimo, inaceitáveis e a merecer a devida sanção.

A FPF vai ter eleições em 2024. Por uma questão de ética e princípios essenciais, mudar treinadores e não só antes das eleições é jogo obscuro, sem contexto e oportunismo; por exemplo, o diretor técnico, que deveria colocar o cargo à disposição do futuro presidente, além de, em função dessa eleição e por questão de ética, ter esgotado o prazo para as suas funções não deveria contratar nem dispensar quadros, para que, após as eleições, se possa iniciar um período novo, sem problemas pendurados!

Após vencer no Minho, o Braga voltou a ganhar na Grécia, num jogo muito intenso e duro, com um golo de Bruma aos 83’. Onze anos depois Braga volta à Champions e Portugal vai somando pontos no ranking europeu.