O ‘puzzle’ infinito de Pep Guardiola

OPINIÃO02.12.201900:42

Pep é um treinador extraordinário. O método Guardiola resulta de um meticuloso estudo do jogo, com abertura a outras ideias e a outros desportos, e invariavelmente inacabado. O retângulo está dividido na cabeça do general catalão como um tabuleiro de xadrez de casas maiores, em que dispõe as peças de forma estratégica para tirar o máximo partido da bola, e dominar e ganhar os jogos. Ganha muitos. O Manchester City é hoje o maior favorito, ano após ano e de forma consistente, a ganhar a Premier e a estender as conquistas ao resto do continente. Tudo isso deve-se a Guardiola, a um projeto e a muitos milhões investidos no mesmo.
É aqui que o Guardiolismo deve abrir os próprios horizontes e aceitar a crítica, senão dificilmente passará de mais um fundamentalismo ou de outro ismo qualquer. Os citizens ainda nem perto estiveram de ganhar a Liga dos Campeões - Pep já a ganhou sim, ao serviço do Barcelona - e esta temporada na liga inglesa são já 11 os pontos de atraso para o Liverpool, campeão europeu em título.
777 milhões investidos em três épocas e meia (dos quais 249 recuperados, o que dá um prejuízo de 528 milhões) fazem do City a equipa mais cara do mundo. Já o Liverpool gastou 610 (mas recuperou 431 em vendas, o que se traduz em perdas à volta de 179 milhões) em praticamente cinco temporadas. Claro que mesmo no caso do City é dinheiro bem gasto. Guardiola sabe sempre o que quer, e montou uma orquestra com os melhores músicos. Para quem gosta do estilo, não pode haver espetáculo melhor e até os outros, os que não apreciam tanto, devem reconhecer-lhe mérito. Só o que ganha pode não chegar. Se, para já, as conquistas internas atenuam o sabor a fracasso, os 11 pontos de distância para os reds colocam ainda mais pressão no espanhol, que continua às voltas com o seu puzzle infinito.