O jogo das decisões

OPINIÃO03.08.202306:30

Mais uma vez, Sérgio Conceição fará do FC Porto um coletivo muito forte e competitivo

COMO é usual, nas vésperas de começar a época oficial da nossa primeira liga de futebol, há sempre um último teste para definir futuros. Ainda com algumas horas para uma última transferência, surgem sempre surpresas, indefinições e adiamentos. 

O FC Porto, após vários jogos de preparação, com o Dragão bem recheado, homenageou Eduardo Braga, enfermeiro do departamento médico, no seu último jogo, após devoção, durante 38 anos! 

Também foi agradável ver no estádio, Maxi Pereira e Radamel Falcao (este ainda a integrar o plantel do Rayo Vallencano), também muito aplaudido, no centro do estádio, porque será sempre grande glória do clube. 

O jogo começou com lances de perigo criados pelos azuis e brancos, que poderiam ter construído uma goleada. A finalização ainda é o calcanhar de Aquiles, mas caminha-se para a dinâmica mais eficiente. Nesse dia, ficou finalmente contratado Nico González, um reforço importante, que assistiu ao jogo. 

No dia seguinte, o novo reforço para o meio-campo, integrou sessão de intensidade, de carga física, com total aplicação. Com Diogo Costa numa pequena lesão, a baliza ficou entregue a Cláudio Ramos, que sofreu o golo num remate contra o solo, que traiu o guarda-redes azul e branco. 

Os golos estiveram perto, mas sem a eficácia exigida o que impossibilitou a marcação de mais. Taremi, numa grande penalidade, teve a oportunidade de colocar os dragões a vencer, mas com remate muito denunciado permitiu a defesa do guarda-redes da equipa espanhola. 

De qualquer forma, ficaram indícios da equipa base. O desperdício de oportunidades logo no início, certamente vai afinar pontaria e concretizar em golos as oportunidades a criar. A ligação do meio campo com os avançados, precisa de maior velocidade e objetividade, que o tempo vai permitir.

Após movimento de grande qualidade de Baró (a lutar por um lugar no plantel, com justiça) e Namaso, muito mais solto, intenso e rápido, marcou excelente golo de cabeça no último lance, terminando o jogo com um empate. Eustáquio muito rematador e próximo do golo. 

As substituições foram também uma motivação para todos. Vencer é muito importante, mas conseguir seguir na frente é essencial e, para isso, a equipa tem de se manter ligada, sem desatenções e Pepê necessita de jogar mais à frente, onde a sua capacidade técnica e criatividade são muito mais produtivas.

O relvado do Dragão está excelente. Agora, afinar a máquina para o primeiro troféu da época: A Supertaça Cândido de Oliveira. Claro que Conceição, mais uma vez, vai fazer do FC Porto um coletivo muito forte e competitivo. Para isso, é importante focarmo-nos no jogo, nas estratégias, mas ‘deixar de ver’ o banco adversário para reduzir as provocações que podem incendiar momentos que prejudiquem o FC Porto. 

A novela Alan Varela não está muito dignificante para o nosso clube e deve servir como exemplo para não repetir, até porque o desperdício de tempo não foi útil, nem teve a transparência que devia ter.

Na entrevista a um portal francês, Dembélé, treinador adjunto de Sérgio Conceição, deixou indicações da atitude do líder: «Não importa onde estamos, ele sempre olha para a frente. É ganhar ou ganhar (…) Conceição é reconhecido pela exigência consigo próprio e com quem o rodeia (…) odeia conforto e sempre em busca do progresso (…) Quero acompanhar o Sérgio enquanto for possível, porque ele é muito mais que um amigo. Entendemo-nos sem falar.» 

O Presidente Pinto da Costa vai iniciar em breve, certamente, o 16.º mandato como Presidente e o mais titulado do mundo. Vítor Bruno, adjunto de Sérgio Conceição, afirmou depois do último jogo que «essa energia foi o combustível de que precisávamos, para uma semana volvida, irmos em busca de mais uma conquista».


REFORÇAR ELEIÇÃO DO PRÓXIMO ANO 

EM 2024 decorrerá a eleição da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Muita obra feita, crescimento imparável, mas com alguns problemas que decorrem da constituição das personalidades de cada Conselho. 

Ao longo dos anos, tem ficado a ideia de uma escolha baseada na proximidade, com base em cores clubísticas e decisões que não conseguem manter caráter universal, mas antes a mudar sistematicamente, com aproximação às cores das camisolas. 

Nessa instituição que tutela o nosso futebol, que envolve vários universos, é essencial que os regulamentos sejam precisos, sem dúvidas e com total clareza, para que, em situações idênticas, sejam aplicadas as mesmas respostas e procedimentos. 

Naturalmente, essa falta de coerência para casos semelhantes, tem sido um dos aspetos principais que alimentam a suspeição. Em termos de obra feita, as instalações têm crescido, assim como em seleções nacionais. O trabalho com os mais jovens tem sido de qualidade, o que não quer dizer que é preciso analisar e sistematizar para lutar sempre pelos títulos de seleções, mantendo a crítica como principal reflexão. 

Em relação à componente das escolhas para os diversos Órgãos, naturalmente já com movimentações de pressão, com nomes que a comunicação social vai deixando em diversos artigos, é imprescindível decidir critérios precisos, de competência e de rigor, sem inclinações, mas antes com a firmeza soberana da aplicação das medidas justas e equilibradas para todas as decisões. 

Já basta de casos lamentáveis que, inclusivamente, acabam por potenciar focos de violência e de risco. Apoiar os clubes, sem contextos que possam fomentar conflitos, mas respeitando todos. A arbitragem e a justiça merecem a mesma atenção dos outros Conselhos da FPF, contudo, por vezes, ficam decisões contraditórias, o que nunca deve acontecer. 

Queremos uma justiça célere, eficaz e sem interpretações diferentes para casos semelhantes. É perfeitamente natural que já circulem convites ou até movimentos para criar uma lista de eventuais candidatos, porém o futebol não pode ter dirigentes que se esquecem da imparcialidade. A esta distância, sentem-se as movimentações e estratégias que devem, desde já, combater porque o nosso futebol tem condições para ser um grande modelo de sucesso exemplar.  

Quem suceder na Presidência da FPF terá pela frente um desafio enorme, para construir uma base de crescimento, um recomeço contínuo porque as decisões terão de ser eficazes e motivem o futebol a criar um novo paradigma que não ‘sofra’ de tentações clubísticas, porque todos merecem a mesma atenção e compromisso. 

Adivinha-se uma luta intensa e que vença o melhor para o futebol transparente. Que a FPF consiga ser a casa de todos os clubes, sem preferências, mas com defesa intransigente da verdade desportiva: que o campo de jogo seja o espaço do sonho e da realidade. A memória deve servir para avançar, para evoluir com dedicação e nunca para regredir.  


MUNDIAL FEMININO 

APÓS a derrota com os Países Baixos por 1-0, a seleção portuguesa conseguiu uma vitória por 2-0 com o Vietname. Telma Encarnação (7’) e Kika Nazareth (27’) foram as autoras dos nossos golos. Depois dessa vitória que fica para a história, Portugal sem receio e com confiança, equilibrou o jogo e teve mais oportunidades, com uma excelente organização e dinâmica perante o ainda campeão Mundial (EUA).

A fluidez do jogo e a ligação dos setores foi fantástica. Na segunda parte e acusando natural quebra física, Portugal teve lances de golo com maior intensidade do que o adversário. Fica para a memória de quem viu, que a nossa seleção foi a melhor em campo e merecia a vitória. Quando empatar a zero com a seleção campeã mundial no jogo que vimos, é pouco e injusto, porque fomos superiores: os merecidos parabéns!


REMATE FINAL 

A Juventus foi excluída das competições europeias, por um ano, por irregularidades financeiras e ainda 10 milhões de euros que podem aumentar para 20 milhões.

Guardiola levantou a questão sobre o futebol na Arábia Saudita que «não é uma ameaça, é uma realidade». O mercado global mudou e o centro das atenções pode passar a ser o plano saudita até 2030, que poderá transformar-se numa grande e concorrencial liga. Por outro lado, falta saber a resposta das ligas mais poderosas da Europa e também o tempo que a liga saudita conseguirá manter este enorme investimento.  

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