O gato e o rato

OPINIÃO05.05.202306:30

Fim de semana vai esticar-se de sábado a segunda, de Lisboa até Arouca...

O6 de maio dizem que será o Dia Nacional da Matemática e ainda o Dia Nacional sem Dieta. Nem de propósito, a marcar a data do Benfica-SC Braga, obrigando os contendores a saberem quantos são dois mais dois, sem hesitação, tal como não fazerem dieta na marcação de golos. Está claro que os benfiquistas quererão que os arsenalistas façam mesmo pesada dieta, não só evitando correr muito e, se possível, chutarem torto, intenção igual constará dos pedidos que Artur Jorge fará ao Bom Jesus que todos os dias, lá do alto, vê os treinos dos assalariados de António Salvador, até agora estranhamente calado, certamente ocupado a fazer projectos onde aplicar os petrodólares das Arábias, o que não será difícil para quem sempre sonhou ser o Califa do Minho. 

A Cidade dos Arcebispos ficará deserta com o combóio gigante que ligará a mesma até às vizinhanças do Cristo Rei, que também não deixará, segundo se sabe, de dar umas espreitadelas para o Estádio da Luz, sobretudo quando de lá vê o novo espectáculo da casa dos encarnados transformada num mar de cores e num coro colossal de milhares de vozes. No coração dos minhotos palpitará o desejo de um regresso a casa com direito a recepção com o relampejar colorido do fogo de artifício de Lanhelas a ser atirado do mítico monte do Sameiro. Igual desejo estará aninhado no peito dos benfiquistas, certamente de quase todo o mundo, naturalmente em grande maioria...

Mas deixemo-nos de lirismos na prosa e vamos mesmo pegar o jogo pelos ditos. Os bracarenses vão subir ao relvado apoiados na sua esperança da habitual desfaçatez de pisarem aquela relva como se fosse sua casa, aliás desejo com a cobertura dos últimos resultados em que as pernas benfiquistas têm tremido perante os arsenalistas. Estará, pois, em jogo também o sonhar alto dos guereiros, que, se for possível, a um lugar na Liga dos Campeões quererão juntar, pela primeira vez, o título de campeões nacionais.

Vai bonita a brincadeira de quem escreve - dirão os benfiquistas que não dispensam A BOLA. E têm razão, mas o autor da escrita também vive o que irá na alma dos minhotos. Meus amigos, vamos então gastar uns parágrafos a espreitar qual será o estado de espírito dos encarnados. 

O que irá na cabeça do alemão senhor engenheiro Roger Schmidt, que pôs de lado o estirador e as regras de cálculo, preferindo ensinar  como se dá um pontapé na bola, aliás um regalo de ver bem aprendido pelos seus pupilos, mas que nos últimos tempos alguns têm esquecido. E o título de campeão que já foi dado como coisa certa, agora só o será se a cabeça e a biqueira das botas de Rafa & Cª.  voltarem a tempos atrás. Schmidt terá tido, e ainda vai ter, algumas horas sem sono a pensar porque razão Ramos se esqueceu de marcar golos, tal como Rafa que já não o faz desde antes do Natal... 

Pensa se Neres é titular ou se fica no banco com aquele ar de ensonado. E o Chiquinho? Sim a quem deve o golo com que o Benfica quebrou o galo em Barcelos. O técnico reconhece que os abraços e o renovar do contrato com boa maquia, já não são tão efusivos, mas que se ganhar o próximo  jogo poderá pedir lá em casa que vão pondo o champanhe no frigorífico. Schmidt não poderá, frente ao SC Braga, jogar no euromilhões sem ter a chave certa, se inventar uns números que só ele perceberá. Na defesa não vai mexer, mas no meio-campo e lá na frente precisa de um joker. É que vai defrontar um onze que da forma que tem vindo a a jogar mais parece…um vinte e dois.

É de admitir que no Dia Nacional da Matemática, as contas de Schmidt saiam certas, mas para isso é necessário que não tenha de esperar pelos últimos minutos do jogo e lhe possa aparecer um qualquer Chiquinho como anjo salvador. Os minhotos, com o seu vira bem bailado e com um conjunto muito igual no saber procurar o êxito, irão ser mesmo adversários de respeito e, ainda, por cima, empurrados por uma onda de justa euforia de gente da região da Maria da Fonte. E o gato Ricardo Horta à procura de encher a barriga... ele que no início da temporada foi o protagonista duma novela entre o clube liderado por Rui Costa e o presidido pelo indomável António Salvador. Um processo que ainda não está terminado, sobretudo entre bracarenses e os espanhóis. 

Por isso, Ricardo Horta, por sinal a vedeta do Minho e o melhor marcador do conjunto da Pedreira, vai ser, sem dúvida, o gato do jogo ao qual a ratice benfiquista tentará pôr a cabeça à roda...

Já o árbitro nomeado, Luis Godinho, não irá ter vida fácil, com 60 mil ao vivo a seguir o seu trabalho e milhões a ver ao longe, tal como André Narciso, como VAR, não poderá descansar, isto se quiserem ter semana descansada, fugindo às flechas dos comentadores, sobretudo os televisivos, que descobrem o que não é muitas vezes visível, mas que dá jeito para a audiência...

TEREMOS, no dia 8, Dia da Vitória, uma homenagem ao fim da II Guerra Mundial, efeméride que poderá estar nas intenções comemorativas do Arouca e do FC Porto. De um Arouca a viver uma hora de euforia, trazendo com ele toda uma população da Serra da Freitas, das pedras parideiras, do pão de ló, da carne arouquesa e da sua bela posta, empurrada a vinho verde, sem esquecer o cabrito da Gralheira. 

Os arouquenses querem voltar a ser internacionais, ambição bem arpoada no posicionamento do treinador Armando Evangelista, que nos faz lembrar Mourinho. Os amarelos sabem da poda e Sérgio Conceição sabe bem disso. Jogadores como o ex-benfiquista David Simão e o brasileiro Antony, com destaque, também, para o guarda-redes uruguaio Arruabarrena, que esta época já defendeu quatro penáltis dos oito que lhe apareceram para resolver. Pormenor importante para os portistas, campeões mundiais das grandes penalidades…

Estão os dragões numa fase de buldózer, levando tudo na frente para alcançar os benfiquistas, sem esquecer os guerreiros do Minho. E, desta vez, já conhecendo o que passou na Luz, dois dias antes, o que determinará o carregar do pé no pedal da velocidade dos comandados de Sérgio Conceição, que não deixará de incitar o seu rato Otávio para fazer as suas diabruras habituais, cheias de qualidade, mas com grande carga de astúcia e manha (foi o seu treinador que o apelidou de manhoso.

Se o gato estará na Luz, em Arouca os olhos estarão nesse rato portista, terror dos árbitros (responsabilidade nossa de apreciação), que acende fogueiras de contestação nas hostes adversárias e a natural explosão de apoio dos seus apaniguados. Veremos se o rato azul e branco se vai agarrar ao queijo sem medo da ratoeira arouquense. 

Não vai o dragão ter tarefa fácil e mais difícil, animicamente, se na Luz se cantar vitória para as águias. Com mais empurrão daqui, esticão dacolá, os três pontos deverão, porém, viajar para a Invicta, dentro do estilo e força que os azuis e brancos têm exibido.

É mais um fim de semana de muita emoção.