14 março 2025, 01:00
Bruno responde a Ratcliffe: «Demasiado bem pagos? Contratos foram acordados com o clube»
Capitão do Manchester United diz que os jogadores têm de responder em campo, mas admite que ninguém gosta de ouvir críticas
Mercado de valores é o espaço de opinião semanal de Diogo Luís, antigo futebolista e atual economista
Esta semana tive a oportunidade de ver uma entrevista feita por uma das lendas do Manchester United e o homem forte do clube, Jim Ratcliffe. Foram, sem dúvida, 44 minutos muito bem aproveitados. A forma e o conteúdo desta conversa são fantásticos e deviam servir de exemplo.
Gary Neville é um dos jogadores que fez parte das grandes conquistas do Manchester United com Alex Ferguson. Já se aventurou como treinador sem grande sucesso. Neste momento é um comentador e parece que voltou a encontrar o seu espaço de eleição. Apesar de ser adepto assumido do Man. United, pelo seu papel de comentador, faz muitas críticas à forma como o clube joga e à maneira como tem vindo a ser gerido.
Algumas destas críticas são fortes, mas, acima de tudo, são sinceras e honestas. Apesar destes factos, Gary Neville convidou Jim Ratcliffe, o homem forte dos red devils, e tiveram uma conversa com muita substância. Isto só foi possível porque em Inglaterra a cultura desportiva é outra.
As críticas não são encaradas como ataques pessoais ou perseguições a clubes. A crítica é vista como algo natural. Em Inglaterra, não existe a ideia de que quem critica quer o lugar de quem lidera. Nesta entrevista, Jim Ratcliffe demonstrou a forma como se deve responder às críticas. Assumiu erros, admitiu fraquezas, abordou a difícil situação financeira do United, foi confrontado e explicou algumas das medidas impopulares que tomou. Apontou um caminho, com convicções e sempre escudado na equipa que, finalmente, conseguiu criar.
Não vendeu ilusões. Apresentou uma realidade dura, revelou as suas preocupações e trouxe a esperança de que vai conseguir inverter o rumo atual. Tudo isto assente numa gestão mais racional e menos sentimental.
14 março 2025, 01:00
Capitão do Manchester United diz que os jogadores têm de responder em campo, mas admite que ninguém gosta de ouvir críticas
Quem me acompanha nas minhas intervenções públicas sabe que dou muita importância à vertente financeira. Uma empresa ou um clube que não tenha equilíbrio financeiro dificilmente vai conseguir ter sucesso desportivo de uma forma regular. A correta gestão financeira dos clubes permitirá que estes tenham melhores condições para obter sucesso desportivo. Complementarmente, é fundamental associar a uma gestão rigorosa a sensibilidade e visão que permitem antecipar cenários e tendências dentro do mundo do desporto.
Um dos principais temas da conversa entre Neville e Ratcliffe foi as dificuldades financeiras que o Man. United atravessa. Aqui surge a primeira questão: como é que um clube que está no top-3 de receitas mundiais tem dificuldades financeiras?
Ratcliffe respondeu a esta questão de uma forma muito simples: «Se gastas mais do que ganhas nunca poderás ser competitivo. Se gastas mais do que ganhas terás de, constantemente, recorrer a instituições financeiras para cumprires com os teus compromissos.»
De seguida, deu um conjunto de exemplos de más práticas e de desperdício de recursos. Este tema é familiar em Portugal.
Quantasvezes nos perguntamos para onde ia o dinheiro das vendas milionárias do FC Porto ou do Benfica? Como é possível o FC Porto estar com dificuldades financeiras, tendo em conta as vendas e performances na Liga dos Campeões? Ou, no Benfica, como é possível que nos últimos quatro exercícios a SAD encarnada tenha apresentado três resultados negativos e um positivo de €1,8 milhões? Como é possível que a dívida líquida do Benfica tenha duplicado em 5 anos?
O homem forte do Manchester United não fugiu às questões. Explicou alguns grandes erros do passado que estão hoje a ter impacto no clube e não teve receio em referir que se tudo continuasse como estava, em novembro, o United iria ficar sem liquidez para fazer face aos seus compromissos. É impossível, mais uma vez, não fazer o paralelismo com o que aconteceu com a anterior gestão do FC Porto que, como sabemos, deixou muitas receitas antecipadas e cerca de oito mil euros na conta!
13 março 2025, 13:14
Treinador reagiu às declarações do coproprietário Jim Ratcliffe a propósito da relação entre ambos
Tendo em conta o rumo que o Man. United vinha seguindo, foi necessário tomar um conjunto de medidas drásticas e impopulares, tais como, o corte das refeições ao staff da academia e do clube, uma vaga de despedimentos ou o aumento dos preços dos bilhetes.
Nestes pontos, Ratcliffe defendeu-se bem, com argumentos como: algum empregador em Inglaterra paga as refeições aos seus funcionários? O Man. United tem 1150 trabalhadores, faz sentido que assim seja?
Aqui não posso deixar de fazer o paralelismo com o Benfica que, aparentemente, tem 2008 funcionários, um número bastante superior!!
Por último, Ratcliffe justificou a subida do preço dos bilhetes com um motivo simples, a inflação e a necessidade de subir os ordenados dos funcionários, de forma a não perderem poder de compra.
Contudo, houve um tema que deixou Neville perplexo. O United cortou 40 mil libras (cerca de €47 mil) aos ex-jogadores. Neville fez questão de referir que quem é penalizado com esta medida são os ex-atletas das décadas de 70 e 80 que não recebiam o que se recebe agora. Perguntou se isto tinha lógica e ainda questionou o facto de não se ter pensado num plano B. Sugeriu, por exemplo, que, em vez de se cortar e anunciar desta forma, se fizesse um jantar de angariação com a presença de jogadores importantes como Bruno Fernandes, entre outros. Deu ainda outra sugestão que foi a de serem os jogadores a cobrirem aquelas 40 mil libras.
O que Neville pretendeu dizer é que a gestão rigorosa é importante, mas a história e o respeito por aqueles que ajudaram o clube a ser grande se deveria manter sempre. O mais interessante foi a resposta de Ratcliffe, que é um dos homens mais ricos e bem-sucedidos em Inglaterra.
Perante as sugestões de Neville assumiu, humildemente, que não tinha pensado nelas e que ninguém da sua equipa as tinha recomendado. Percebeu e reconheceu que há coisas para as quais se deve ter uma sensibilidade diferente. Tudo isto para dizer que o futebol é uma indústria diferente e que exige skills distintas de todos os outros sectores.
Para liderar e gerir no futebol é importante saber criar uma boa equipa, com pessoas qualificadas em cada uma das áreas, que consigam criar empatia entre si e, em simultâneo, ter a sensibilidade para perceber o contexto, a história e o legado de cada clube.
Por fim, Ratcliffe referiu que poderia injetar dinheiro no clube para disfarçar os problemas, mas que isso não iria resolver nada. Quando um clube tem vícios e gasta mais do que recebe de uma forma regular, no longo prazo as consequências apaclifrecem e desportivamente o clube fica mais frágil.
11 março 2025, 10:55
Coproprietário afirmou que orçamento depende de vendas, mas não quis adiantar nenhum valor já estabelecido
Cada vez mais se destaca como um dos melhores na sua posição. Incrível o facto de ter ficado fora do 11 ideal da jornada!