O dever de os expulsar imediatamente da sala

OPINIÃO29.03.201903:00

‘Los pacos expertos’

A imprensa espanhola garante que Herrera, actual capitão do FC Porto, com o qual está em final de contrato, já está seguro no Atlético de Madrid. O empresário deste desmente e insiste que o «Héctor não tem nada assinado». Tenha ou não assinado, dou por certo que o mexicano vai mesmo tornar-se colchonero. Do ponto de vista desportivo, confesso que em nada lamento a sua saída, posto que a custo zero. Ainda hoje lastimo, isso sim, a venda (por 16 milhões e sem cláusula de recompra), a um emblema da segunda divisão inglesa, de um verdadeiro craque, formado no clube, como indiscutivelmente é Rúben Neves. Se Herrera quer sair, que vá. Mas pergunto: tinha logo de ir para aquele clube? O tal que já havia levado, em situação similar, Paulo Assunção? Não falando de Jackson e Falcao, transacionados que foram por valores de outra ordem de grandeza. Neste entretanto, vendeu-nos Óliver e Adrián, pelos preços que todos sabemos. Reconheça-se: seja para vender ou para comprar, levaram-nos sempre a melhor. Mas há limites. Mesmo para os chico-espertos. Não acredito, portanto, de maneira nenhuma, recuso-me a acreditar que estas gentes do Atlético tenham o descaramento de pedir um desconto no preço do passe de Alex Telles. Se, por absurdo, tal ousassem, os responsáveis portistas teriam o dever de os expulsar imediatamente da sala. Não por protesto contra quem se julga perito (experto) em fazer negócios com os dragões. Mas por respeito por si próprios.

De ‘mister’ a senhor

Paulo Fonseca é reconhecido como um técnico competente. E como poderia não o ser quem conduziu às competições europeias um clube como o Paços de Ferreira? Ou que conquistou dois títulos de campeão da Ucrânia (sim, a terra desses rapazes que tiveram o desplante de vir empatar-nos na nossa própria casa)? O sucesso fulgurante da sua carreira traduziu-se na circunstância de ter sido contratado pelo FC Porto com apenas uma época de prática na divisão principal. Ora, foi exactamente este passo que colocou em risco a sua carreira. De tal modo que logo se sentenciou que ele podia ser bom, sim senhor, mas só para clubes como, vá lá, o Braga (onde conquistou o 4º lugar), jamais para uma equipa de topo. Em simultâneo com os (bons) resultados que continuamente foi alcançando, Paulo Fonseca revelou-se também um homem sério e educado. Quase como um discípulo de Marco Aurélio (falo do imperador romano), o qual sustentava que é típico do homem comum ser exigente com os outros e próprio dos homens superiores serem exigentes consigo mesmos. Uma prova do que fica dito encontra-se na humildade e lucidez com que hoje Paulo Fonseca analisa o seu insucesso na casa do Dragão: «A minha forma de liderar se calhar não foi a mais adequada. Nunca houve nenhum problema disciplinar, os jogadores sempre me respeitaram. A questão era outra: como convencê-los em relação às minhas ideias? Hoje acredito que não foi a forma adequada, porque lidar com jogadores de grande estatuto e dimensão requer outra maneira de trabalhar». Palavras dignas de um senhor, não de um qualquer mister. Se mirarmos a tabela dos melhores treinadores lusos apetece perguntar sobre quais seriam capazes de proferir tal juízo.

Pelos caminhos de perdição da secretaria

Não vi e não gostei de nenhum dos últimos jogos da Seleção. Mas gostei ainda menos de saber que o campeão europeu terá feito uma denúncia à UEFA, pretendendo assim ser ressarcido na secretaria dos pontos perdidos em campo. Não fica bem, pois não?

Entrevista imaginária

- Como se justifica este fantástico desempenho?

- Ora bem, a verdade é que não há qualquer justificação plausível, a não ser, claro está, a categoria típica do nível superlativo das minhas fabulosas prestações. Além, como é óbvio, da liderança carismática que é a minha imagem de marca. Mais ainda, que é a essência última da primeira estrela que sou.

- Então o que é que correu mal em ocasiões anteriores?

- Bom, para além de maléficos interesses obscuros que levam a uma constante e implacável perseguição por parte de certos e determinados grupos, sem olvidar uma infindável maré de azares, é de todo impossível desconsiderar factos muito graves, autênticos escândalos, genuínos roubos de Igreja e reais atentados à verdade desportiva!

- Quer dar um exemplo concreto? As suas palavras indiciam tão graves acusações que, sob pena de irresponsável leviandade, para dizer o mínimo, carecem de irrefutável demonstração…

- Nada de mais simples. Para o efeito basta lembrar o seguinte caso paradigmático: apesar de ser supersticioso, já tive até uma prova marcada para um dia 13, ainda por cima quando toda a gente sabia que calhava a uma sexta-feira…  Ora, se isto não é uma conspiração diabólica então é o quê? Vá, diga-me lá, é o quê

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