EDITORIAL O destino nas mãos dos sócios
O desafio que se coloca aos portistas é o de serem parte ativa na definição do futuro
A primeira reação de um líder acossado por circunstâncias que lhe fugiram do controlo e extravasaram para o espaço público é sempre desvalorizar o sucedido. Foi assim, por exemplo, com Bruno de Carvalho, imediatamente após o assalto à Academia de Alcochete, quando disse que «isto foi chato mas o crime faz parte do dia-a-dia», e voltou a sê-lo agora com Pinto da Costa que se referiu aos incidentes da AG onde deviam ter sido votadas as alterações aos estatutos, afirmando que «parece que foi tudo aos tiros, não foi ninguém para o hospital.»
Porém, estas coisas «chatas» mas sem «tudo aos tiros», não nascem de geração espontânea, têm sempre antecedentes que as explicam, e acabam por determinar consequências. No Sporting, foram os sócios, com militância e empenho, a colocar ponto final no desvario, numa votação histórica que mudou, para muito melhor, a vida do clube. No FC Porto, serão igualmente os sócios a ditar o rumo, seja ele qual for, de continuidade ou de rotura, em abril se saberá.
Já se percebeu que há uma milícia que procura intimidar não só o principal rosto da mudança, André Villas-Boas, através de ações criminosas que colocam em causa, até, a segurança familiar do ex-treinador do FC Porto, mas também, por tabela, quem pretende exprimir livremente a sua opinião. Recordo, a propósito, que na Assembleia Geral do Sporting realizada no Pavilhão Atlântico, quem permaneceu no interior do recinto e foi ouvindo as várias intervenções, terá ficado com a ideia de que Bruno de Carvalho iria sair vitorioso. Porém, porque mais do que a gritaria de uma minoria fundamentalista, o que relevou, no fim do dia, foram os votos de dezenas de milhares de sportinguistas que decidiram participar ativamente na vida do clube, a decisão foi a que foi.
É este o desafio que se coloca a cada sócio do FC Porto: participar, votar, seja em quem for, não ficar em casa, ser ativo na construção do destino coletivo.
PS - Os adeptos do Benfica, a quem já tinha sido vedada, pelas mesmas razões, a comparência em San Siro, estão impedidos pela UEFA de apoiar a equipa encarnada em Salzburgo, na sequência do péssimo comportamento de uns quantos hooligans. Este é um problema sério que o Benfica enfrenta, que lhe mina a imagem internacional, custa dinheiro e coloca terceiros inocentes em risco. Já é tempo de a coragem de Frederico Varandas fazer escola…