O caso dos 4 números 2 que criaram um zer0
Há um mistério que me atormenta desde o início da época. Podemos designá-lo como «o caso dos 4 números 2 que criaram um zer0». Explico-me. Mas primeiro terei de recordar que Portugal tem, de momento, 4 defesas laterais direitos de nível internacional, o que será não apenas um caso singular a nível de seleções, mas também a prova de que a posição 2 é, de entre todas, aquela em que presentemente o futebol português deve estar mais forte (em contrapartida, centrais…). Vejamos então: João Cancelo (Juventus), Nélson Semedo (Barcelona), Cédric Soares (Inter de Milão) e Ricardo Pereira (Leicester). Ora, é precisamente este último o causador - involuntário, já se vê - dos problemas mais graves ao nível da formação de um onze portista equilibrado e homogéneo. Dito por outras palavras: muito do que de muito bom foi feito pelo FCP na época transacta, tanto em termos defensivos como atacantes, ficou a dever-se a Ricardo Pereira. Logo, a sua saída tinha necessariamente de provocar um de dois efeitos: i) ou se adquiria um reforço da mesma igualha, ii) ou se abria um buraco na lateral direita. Sucede que, neste entretanto, e por conseguinte sem ter esse dilema solucionado, o FC Porto, campeão em título, deve ter batido um recorde mundial ao vender 4 - quatro! - defesas direitos num único ano, a nomear, além do já citado Ricardo Pereira: Diogo Dalot, Miguel Layún (que pena e que falta...) e Fernando Fonseca. Daqui resultou a compra de 2 novos números 2, sendo que um foi logo posto a andar ainda antes de começar a época oficial e o outro de pronto remetido para a equipa B, onde assentou praça. Resultado: de todos ficou somente Maxi Pereira. Até que também este deixou de contar, pois há meses que não joga. Tudo isto conduziu o técnico, por seu turno, ao ponto de ter de experimentar na função Jesús Corona (agora, já mais avançado flutuante do que extremo). Como será normal, os resultados não foram os desejados. Vai daí, quase em desespero de causa, copiou-se do São Paulo uma pretensa solução: desviar Éder Militão e entrar Pepe para central. Resultado da experiência: para se conseguir um mediano lateral direito tinha de se sacrificar um dos melhores centrais do mundo. Até que apareceu Manafá.
Cromos: Wilson Manafá
O novo defesa direito do FC Porto ainda na temporada passada era extremo esquerdo no Portimonense, embora já se soubesse que tanto podia actuar na faixa dextra como na sinistra. Moldado nas escolas do Oliveira do Bairro, mudou-se depois para o Sporting, onde concluiu a sua formação até chegar à equipa B. Peregrinou depois por clubes como o Beira-Mar e Varzim antes de chegar a Portimão. Onde teve a sorte de encontrar Folha, o qual, com a sua já consabida perspicácia, o adaptou a lateral. A recente estreia a titular pelos Dragões auspicia poder ser apenas um primeiro passo de uma carreira de sucesso.
NES
O que dizer da campanha de Nuno Espírito Santo à frente de uma equipa que tem mais jogadores portugueses do que qualquer outra pertencente ao grupo das 10 melhores em Portugal? Se na época passada venceu o Championship, este ano a sua alcateia é só a melhor de todas as outras, ou seja, logo a seguir às chamadas Big 6. Ainda estamos em Fevereiro e o Wolverhampton já tem mais pontos do que os conquistados na melhor participação da sua história. Suceda agora o que suceder, Nuno já é merecedor dos maiores encómios.
‘Joker’: Vincent Kompany
O defesa belga que ostenta a braçadeira de capitão do Manchester City está no último ano (embora deva renovar) do seu contrato com o clube, que lhe paga 140.000 euros por semana. Agora, Kompany, que já se distinguira pela obtenção de um MBA (Masters of Business Administration), decidiu doar todas as suas remunerações desta temporada aos sem-abrigo da cidade de Manchester. Não é preciso dizer mais nada.