O alerta 

OPINIÃO19.09.201901:51

Quando os jornais noticiaram no final de julho que o Benfica estava a tentar contratar o avançado alemão Luca Waldschmidt ao Friburgo foi um sinal a que muitos não deram a devida importância: apesar dos €20 M pagos por Raul de Tomas e dos €17 M por Carlos Vinícius, havia na Luz quem defendesse que João Félix ainda não tinha substituto. O perfil do germânico tem muito mais a ver com o jogador do Atl. Madrid do que o espanhol ou o brasileiro (nesta época, Waldschmidt tem jogado em 4x4x2 e em 4x3x3, aqui descaindo para uma das alas, e já fez dois golos em quatro jogos que ajudaram a colocar a equipa no 3.º lugar da Bundesliga, com os mesmos pontos do Dortmund e apenas menos um que o líder, RB Leipzig). Ou seja, as águias tinham gastado €37 milhões e não resolveram um problema (o negócio entretanto não avançou, por questões financeiras e por considerar o Benfica que tinha soluções dentro do plantel) . O tempo e os jogos a doer (dois: FC Porto e RB Leipzig) mostraram dinâmica sofrível das duplas de avançados (e Chiquinho, que se perfilava para ser o tal que pensa como um 10 e define como um 9, lesionou-se e só deverá voltar a jogar em 2020; quanto a Jota, ainda pensa como extremo). Atenuante de Bruno Lage: os problemas no meio-campo, a zona onde tudo se cria. Tivesse a dupla Gabriel-Florentino ou Gabriel-Samaris (depois de Matic-Enzo Pérez, a melhor que vi em ação nas águias) a equipa poderia jogar com linhas mais juntas, com mais soluções na hora de sair da pressão (uma pressão a sério, não aquela que se vê nos jogos da Liga) e não desgastar tanto os avançados em movimentos de recuo. Mas o Benfica está longe de ser uma referência nos defesos: basta recordar épocas de extremos a mais e laterais a menos ou Rui Vitória a planear um plantel para um 4x3x3 e as contratações a serem feitas para um 4x4x2. Neste verão houve dinheiro mas terá faltado olho clínico nos escritórios. E insistir na mesma receita sem os jogadores certos não parece ser o melhor caminho no campo.