Sueco é a figura de 2024 para A BOLA. Jogador com peso semelhante no futebol português? Só recuando a Mário Jardel
Viktor Gyokeres foi considerado a figura de 2024 do desporto português, por A BOLA, mas vou mais longe — foi provavelmente o jogador mais impactante no nosso campeonato nas últimas duas décadas. Desde Mário Jardel, primeiro no FC Porto, depois no Sporting, com uma temporada no Galatasaray, da Turquia, pelo meio, que um avançado não tinha um peso tão grande no rendimento duma equipa, com a devida vénia a Cardozo ou Jonas, Hulk ou Jackson Martínez, Liedson ou Bas Dost.
O sueco mudou o Sporting. Sim, há muito mérito de Ruben Amorim; sim, Pedro Gonçalves é um desequilibrador, o maior criativo da equipa, e viu-se como a equipa sofreu durante o curto reinado de João Pereira com a sua lesão. Mas Amorim e Pote estavam em Alvalade em 2022/2023 e terminaram o campeonato no quarto lugar... A grande diferença no caminho para o título de maio foi Gyokeres, melhor marcador dessa Liga, com 29 golos, e melhor marcador da atual, com 18. No ano de 2024, entre clube e seleção, fez 62 golos em 63 jogos. Ninguém, no mundo, conseguiu mais.
Supergoleador do Sporting é a Figura do Ano de A BOLA. Ninguém marcou tanto como ele no planeta, ninguém ajudou tanto como ele o leão a ganhar a Liga. É o primeiro estrangeiro a conquistar este prémio. E a ambição é a de sempre: máxima – para ele e para a equipa
Jardel também nunca chegou a esses números, mas em 2000, com a primeira metade da temporada no Porto e a segunda em Istambul, assinou 55 golos em 56 jogos, números relativamente comparáveis (fez dois jogos e não marcou pela seleção brasileira, o que lhe retirou possibilidades de competir com outros gigantes do futebol mundial). Mas não olhando para anos civis, antes para épocas, fez 42 golos no campeonato de 2001/2002, no qual o Sporting se sagrou campeão, em apenas 30 jogos! (55 golos em 42 jogos no total das competições).
Gyokeres, com todas as suas qualidades — Jardel, nos seus melhores anos, dificilmente teria conseguido fugir daquela forma a Tomás Araújo para cruzar e decidir um dérbi... —, ainda não é o matador que Mário Jardel foi. Falta-lhe, pelo menos, a eficácia que o brasileiro tinha no jogo aéreo, entre impulsão, direção e força do cabeceamento. Mas é, repito, o jogador mais impactante do campeonato português nas últimas duas décadas.
Pode não voar sobre os centrais, como escreveu Carlos Tê quando Jardel ainda jogava no FC Porto, mas voa à frente e ao lado deles, e quem sabe se alguém também o eternizará numa canção famosa?...
Para isso, ajudava que Ruben Amorim não o levasse já em janeiro para Old Trafford. Mas o impacto de Gyokeres é tanto que não surpreenderia...